quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Pratos mortais.

"Caveirinha" na capa de livro sobre alimentos? Epa!? 
Enquanto as ruas e avenidas do Brasil "pipocavam" pessoas protestando pelos mais variados motivos, estava no meio de uma incursão mais difícil. O combate a própria ignorância que mesmo após quatro cursos superiores ainda incomoda a mente sobre conhecimentos que pelo menos dessem conta de parte das coisas que assolam nossa realidade. Fiz uma incursão autodidata na obra de Immanuel Kant. Filósofo racionalista do século 18 que introduz conjuntamente com outros pensadores as experiências de compreensão da realidade numa perspectiva mais crítica. Ler clássicos da Filosofia não é lá um parque de diversões, ainda que quando se faz boas descobertas, a sensação, é sim iguais as sentidas nas íngremes descidas de montanha russa. Mediante esta breve introdução e olhando novamente a ilustração deste post fica a pergunta. O que uma coisa tem a ver com a outra? Quero na realidade comentar uma das leituras mais indigestas feitas recentemente. Então vamos lá, dos estudos feitos sobre a obra de Kant, aprende-se que;  "o exercício da crítica se dá num plano de examinar a realidade, julgá-la e avaliá-la" Estabelecer os próprios limites e confrontá-los. O uso excessivo da razão é a ferramenta essencial para leituras de muitos textos atuais. Ou como o caro leitor assimilaria a comparação que a jornalista Marcia Kedouk faz com a cocaína equiparando-a ao açúcar e a farinha de trigo que ingerimos diariamente. Eis uma das várias indigestas constatações que são feitas no especial da Revista Super Interessante, Prato Sujo (Como a Indústria Manipula os Alimentos para Viciar Você), Abril Editora, 2013. A obra desbanca vários mitos com relação aos alimentos que são por muitos especialistas, separados em dois grupos distintos; os "saudáveis" e "não saudáveis." Pura balela se levarmos em conta as quantidades de açúcar, sódio e sal de cada um deles. Ninguém está imune. Do vegetariano "xiita" ao frequentador assíduo dos fastfoods, todos correm riscos com os desgastes do organismo com o que se ingere. Bem escrito e de fácil assimilação, o livro de Kedouk retoma na história da alimentação a falácia das dietas para emagrecer. Não há remédios ou fórmulas milagrosas para a perda de peso e sim o controle da quantidade do que é ingerido. Mas eis o atrito do cérebro com o corpo que ao longo da caminhada da humanidade, ainda tem registrado os dados de um tempo de miséria na oferta de alimentos que remonta a Pré História. Não sobra pedra sobre pedra no tema. Adoçantes que mais prejudicam do que favorecem as dietas. Produtos industrializados que tem em sua composição itens mais do que suspeitos. Propaganda enganosa em 10 em cada 10 embalagens de bolachas, doces e demais industrializados. O poder demoníaco dos refrigerantes que nos "dopam" de tanto açúcar, sem jamais matar a sede. Aliás, pelo contrário, sua composição a faz aumentar! Me lembrando dos filmes de suspense, dá pra imaginar que essa jornalista, hora dessas deve estar morando em algum país europeu. Das empresas de fastfood a indústria dos alimentos orgânicos, em tese mais saudáveis (leia o livro e verás!) ninguém escapa dos dados disponíveis pela ciência e reunidos numa obra simples, fácil de ler e com um certo tom irônico se conectado às leis kantianas. Óbvio que faço isso por conta. Ele não é citado no livro. Mas Kant, quando escreveu sua principal obra, A Crítica da Razão Pura (1781) observou que "primeiro se deve viver e, somente depois filosofar..." No caso deste livro, creio que primeiro deveríamos "filosofar" antes de "comer", para aí quem sabe "viver..." Alimentos viciam! A comparação do açúcar com a cocaína não é provocação teórica!


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Memórias do Gomes 4.


O texto abaixo foi divulgado para o Projeto Memórias (antigo CEFAM/Campinas) no ano 2000. Os professores divulgaram suas memórias do tempo de escola no Ensino Fundamental.

Texto para o Projeto Memórias;
Professor DJNI®

                        Grande parte de minha vida escolar no Fundamental passou-se no Colégio Carlos Gomes. Lá estudei da primeira até sétima série com direito a dois anos a mais que acabei “bombando” por falta de dedicação aos estudos. Aquela época foi tão importante em minha vida que até hoje sonho com aqueles anos gostosos que passei junto a colegas e amigos de escola, tão ou mais ingênuos que eu.

                        O prédio da escola está até hoje imponente no centro da cidade. Aquele estilo de construção imperial reserva internamente grandes corredores, janelas enormes e escadarias de madeira. São muitas recordações. Dona Alice na primeira série garantiu berros tão altos nos ouvidos de seus alunos que até hoje posso ouvi-los. Eram broncas homéricas pelos erros de escrita e leitura. A simpática senhora de cabelos tão armados e brancos alternava momentos de ternura e ira. Em algum ano desta época saí em uma foto do jornal anunciando o início do ano escolar. Na terceira série, a escola entrou em reformas e fomos transferidos para o prédio do Instituto Alan Kardec. Nossa professora chamava-se Dona Glenda. Não berrava, não gritava e jamais deu bronca em alunos apesar de merecerem. Era tão terna e meiga que ficávamos sem coragem de desrepeita-la. Foi a primeira professora a falar pra gente, sobre coisas que nossos pais jamais ousaram falar. Olha como é a memória da gente. Ela falou num dia nublado com muita chuva que as meninas jamais deveriam andar arcadas para frente para evitar que seus seios crescessem de forma errada. Puxa vida! Seios! Que professora corajosa! Aos meninos ela sugeria banho! Muito banho! Para ela não tinha coisa pior que homens fedidos. E a gente ia fazendo conexões... Meninas que crescem sem arcar as costas e ombros, tem seios bonitos e eles são nossos na medida que tomarmos banho... Dona Glenda nos marcou por essa e muitas outras. Ensinava com carinho, matemática, português e sentimentos pela vida e pelo corpo. A quarta série foi tão medíocre. Acabei repetindo o ano nem lembro porque. Mas aquela quarta série foi inesquecível. Descobri para que serviam aqueles longos corredores da escola Carlos Gomes. Achava que eles serviam para nos dar medo, para que a gente não ficasse passeando na escola. Na quarta série, a Roberta “coleguinha” de sala, alta e bonita. Mas na época achava que ela arcava as costas porque não tinha seios. Mas eu tomava muitos banhos. Foi o primeiro beijo após o final daquelas festinhas de final de ano com aqueles manjados “amigos secretos”.
Eu, 1972 de mala pronta para a grande jornada escolar.

                        Na quinta série, a adolescência mudou a visão das coisas. A escola virou “point”. Boa parte dos meus amigos além de mim, morávamos perto da escola e a quadra de basquete construída no final dos anos 70 virou nossa grande motivação para ir à escola. Adorava basquete. Mesmo gordinho era um “craque”. Pedi pra minha mãe em 1977 comprar um tennis All Star vermelho. Pra irritar os invejosos era chamado de “pés de tomate”. Volta e meia era “cestinha” dos nossos jogos que após as aulas iam até o anoitecer. O professor Renato de Ciência tinha cara de cientista mesmo. Tinha sotaque estranho, talvez vindo de algum país do leste europeu, exigia que suas aulas fossem no laboratório da escola. Fefeco era o professor de Educação Física. Me deixou várias vezes fora do time de basquete da escola em jogos fora, só porque era gordo e faltava confiança. Um dia com ele estreei minha rebeldia. O mandei para aqueles montes de excrementos conhecidos como fezes e fiquei meses de suspensão. Na festa junina de 1976, a gente era obrigado a dançar quadrilha. Meu par era a Ângela. Magrinha, medrosa e chorona. De última hora me colocaram com a Márcia. “Ousadinha” e mais confiante de si, acabei achando o máximo porque ela fazia parte daqueles colegas que todos admiram. E não é que a Ângela que foi dançar com o Messias fez xixi no meio da quadra diante de centenas de pessoas? Já adolescente não levava tão a sério as lições da dona Glenda da terceira série. Os seios das meninas cresciam independente de qualquer coisa. Tomávamos banho, mas nem tanto! Os interesses mudaram e de tanto mudar me fizeram esquecer de estudar para passar de ano na sétima. Maldita matemática! Dona Yaeko não teve dúvidas em dizer pra minha mãe que eu não sabia nada de matemática. Na nova sétima série em 1978 o professor Zé Roberto nos fez aprender matemática na marra. Para ele todo aluno que não aprendia sua matéria era um “lazarento” por natureza. Estudei tanto que tinha nota em setembro para ser aprovado, inclusive em matemática. Mudei de escola mas os anos de Carlos Gomes ficaram na memóriaeternamente!

sábado, 21 de dezembro de 2013

O estraga festa.

De tão "perfeitinha" essa época do ano que sobra espaço para tudo quanto é tipo de caricatura sobre felicidade.
Eis que próximos de mais um Natal, revemos pela "enésima" vez um filme que já conhecemos seu roteiro de tão surrado. E vem as balelas impostas pelo comércio que na ância de faturar o 13° da moçada, diz vender a felicidade sob todos os tamanhos e cores. E vem as religiões trazendo também suas mensagens doutrinárias que trata-se de tempo de "revisão" de vida, amansar o coração e aumentar o dízimo. É assim todo ano! Espalham-se além dos enfeites natalinos, totalmente díspares com nosso clima (neve, trenós, renas, pinheiros), as míseras caixinhas de "Boas Festas" instaladas em balcões de comércios, estacionamentos e botecos. Paro o carro no mesmo estacionamento o ano inteiro. Caixinha no fim do ano? "Fala sério!" "Já te homenageei o ano inteiro," disse ao dono do estacionamento que sem graça, me agradeceu do mesmo jeito. São esses costumes bestas impostos por tantas transposições culturais. Não tenho nada contra o Natal. E também nem a favor. Creio apenas que podemos passar essa época do ano de forma mais comedida. Menos comilança. Menos bebida e menos gastos e dívidas. E também como historiador, não tenho como jogar embaixo do tapete as origens pagãs da festa. Basta meia hora de boas leituras sobre a História da Mesopotâmia e você vai encontrar "links" com o Natal. Divindades totalmente opostas aos símbolos do cristianismo. Nomes estranhos como Marduk, Zagmuk e Saturnais englobam o que existiu de mais pecaminoso do ponto de vista cristão. Bebedeiras, orgias, brigas, glutonarias etc... A entrada de Jesus na História e a absorção de sua vida e exemplos como movimento religioso, transpôs para o Cristianismo como movimento fatos, datas e nomes de diversas culturas, inclusive as pagãs. Bom, de resto todos sabem. O século XX popularizou as festas de fim de ano através de um pesado marketing que descobre a época como uma mina de ouro para ganhar dinheiro. Nos anos 30, uma campanha para a Coca Cola, "avermelhou" a roupa de Papai Noel. Institui-se o 25 de dezembro como data de nascimento de Jesus sem qualquer comprovação histórica. No Brasil, a Rede Globo encarregou-se do resto instituindo os "especiais de natal" com Roberto Carlos e suas campanhas insuportáveis, reunindo artistas dublando (muito mal) o jingle "onde a festa é sua onde a festa é nossa..."
O natal da família Griswold é uma síntese do quanto há de rocambolesco nas festas natalinas.
Além dos livros, minhas referências vem do cinema! E sobre natal há uma filmografia infindável. Mais recentemente O Grinch (2000) de Jim Carrey trouxe a tona o "azedume" da turma que não gosta do Natal. Mas é óbvio que os lacrimejantes; Uma História de Natal (1983), "Milagre da Rua 34" (1994) e A Felicidade Não se Compra (1946) se ajustaram mais ao tema preservando os tais valores fraternos que transformam as pessoas nesta época. Citaria uma bela crítica ao consumismo desenfreado da época com Um Herói de Brinquedo (1996) com Schwarzenegger numa comédia impagável. O período do natal é citado em muitos outros filmes. De forma ordinária e ácida, sugiro Parente é Serpente, comédia italiana de Mauro Monicelli (1992). Família toda problemática, resolve a causa de todos os seus problemas mandando-os pelos ares (literalmente). Mais recentemente vi pela tv a cabo, Surpresas do Amor com Vince Vaughun e Reese Whiterspoon onde o Natal de fato, é uma época suscetível a desmascarar os pretensos encontros familiares para brindar a data. Mas entre dezenas de títulos, há um que na minha opinião se supera a cada vez que revejo. As imagens deste post já adiantaram. Férias Frustradas de Natal (1989), é uma síntese do que pode significar em seu contexto mais próximo o tal Natal. Chevy Chase é um impagável pai de família que tenta a todo custo proporcionar a mulher, filhos e parentes a "autêntica noite de natal da família americana." E sucedem-se as mais estrambelhadas situações que oscilam do absurdo ao neorealismo destes tempos. Tudo ali é acidamente criticado no roteiro escrito por John Hughes, baseado em seu próprio conto para a revista americana National Lampoon, Natal '59. Tudo dá errado. A ceia, as 25 mil lâmpadas que decoram a casa dos Griswold, os parentes, os presentes e o bônus de natal de Clark (Chase) que não chega e desencadeia até a intervenção da SWAT em seu tresloucado Natal. Além de rir muito, é possível entender nas entrelinhas que o maior valor do dia está aquem de tudo que foi criado para torná-lo tão importante. Na cena final do filme, Ruby Sue, a sobrinha de Clark descobre no céu luminoso a estrela do Papai Noel. Clark responde: "Não é a estrela do Natal e é só o que importa essa noite, nada de grana, nada de presentes, luz ou árvores. Vejam crianças! Significa algo diferente pro mundo todo. E agora sei o que significa pra mim. Tio Lewis interrompe o discurso: "Não é nada de estrela do Natal e sim a luz da estação de tratamento de esgotos...!" Se já viu o filme sabe o contexto, né? Se não, veja o final "explosivo" do natal dos Griswold.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Professor ignorante

Clássico contemporâneo para leitura obrigatória dos professores. Mas é um ilustre desconhecido.

"Na escola platônica, o estudante não adormecia antes de repassar de memória todos os atos e pensamentos do dia, de modo, a não esmorecer no seu empenho de autoconsciência ; e na manhã seguinte se aparecesse despenteado ou mal vestido, não era admitido em classe: a ordem no interior da alma devia refletir-se numa aparência física limpa e saudável." Fragmento da obra de Olavo de Carvalho, O Imbecil Coletivo II, 1998, página 156. Pois bem caro leitor, pensando na citação fiz a transposição da alegoria do aluno grego na Antiguidade para a imagem do professor contemporâneo brasileiro. Algo que sempre incomodou-me enquanto docente, foi frequentar a sala dos professores das escolas em intervalos, saídas e entradas. Poucas ou raras vezes podia dialogar algo que estivesse além do simplismo imbecil que fosse além de futebol, clima, culinária e por vezes até ouvir as mais ignóbeis piadas. Como docente sempre acreditava que era obrigação uma atualização constante na literatura e na conjuntura. "Que nada, sala dos professores é lugar de relaxar!" Bradava as professorinhas empunhando seus catálogos de cosméticos, desodorantes, recipientes plásticos etc. Quando não a receita televisiva de um quitute qualquer impressa em equipamento exclusivo para produção de cópias de provas para os alunos. Me sentia mal. Sempre achei abjeto esse mundo, mas por quase duas décadas foi meu habitat profissional. Das poucas vezes em que fiz tais observações, me tornei o "chato", o "incomodado" e "insociável" mesmo quando queria discutir algo mais "mundano" como um artigo de revista ou um filme nos cinemas. Mas tinha que admitir que as asneiras soltas neste mundinho eram menos penosas que as intermináveis lamúrias sobre a lida na sala de aula. Por quantas vezes sugeri a colegas que desistissem da profissão de tanto que reclamavam. Eis, do meu ponto de vista a miséria intelectual de nossos artífices da Educação pública. É possível entender uma das causas da indigência de desempenho dos alunos, refletido na alma dos nossos docentes, desconhecedores desde tempos remotos as esperanças da escola platônica. Uma alma limpa e saudável, fruto de leituras que subsidiassem um dia a dia menos indigente nas escolas. Das leituras que fiz, a que mais me condoeu de não discutir com colegas de profissão foi a obra do filósofo argelino Jacques Rancière, O Mestre Ignorante, Autêntica Editora, 2002. 
"A ignorância do mestre é da desigualdade. O princípio, a igualdade, é um axioma a ser verificado."
Trata-se de uma obra filosófica que propõe uma emancipação complexa pelo conhecimento. Parte dos relatos de Joseph Jacotot, professor e revolucionário francês exilado em 1818 em razão das efervescências políticas de época. Nos países baixos europeus vive uma aventura intelectual reveladora. Ensinar a língua francesa a um grupo de jovens flamengos sem o mínimo conhecimento do idioma local. Sua ferramenta de interação com os jovens foi uma obra mitológica grega, Telêmaco, que instiga os alunos a uma investigação pelo francês para a compreensão de seus contextos. Enfim, Jacotot, atinge no ápice de sua aventura intelectual o envolvimento pleno de seus alunos pelo idioma francês. Partindo deste ponto Rancière propõe 5 lições sobre a emancipação intelectual. Ao educador contemporâneo é necessário sabê-las. Compreender como um dos fatores essenciais, a nossa plena ignorância sobre as armadilhas nas relações de ensino, quem mal imaginamos. A ignorância de Jacotot foi desconhecer fatores invisíveis no anseio intelectual dos seus alunos. Superou metafisicamente o improvável. Seus alunos aprenderam sem que teorizasse nada. Em nossas escolas brasileiras, docentes mal se comunicam com seus alunos, quanto mais ensiná-los. Me dê outros motivos pela penúria atual. Se há prerrogativas endógenas sobre o aluno na discussão, entendo que o livro é mais que um alerta aos docentes. Sobre o mestre emancipador, Rancière escreve: "Eles (alunos) haviam aprendido sem mestre explicador, mas não sem mestre. Antes, não sabiam e, agora sim. Logo Jacotot havia lhes ensinado. (...) Ele havia sido mestre por força da ordem que mergulhara seus alunos no círculo de onde eles podiam sair sozinhos (...)" A obra é essencial a qualquer educador. Deveria estar nas bibliografias dos concursos de seleção de professores e nas dos cursos de Pedagogia. Um escape ao "paulofreirismo" em voga no país. Muito adequado ao modelo de educação política de esquerda reinante no país a anos e sem qualquer resultado prático! "Mas como admitir que um ignorante possa ser causa de ciência para um outro ignorante?" Para encerrar esse post, reproduzo uma citação interessante do site da Revista Cult sobre o livro de Rancière: 'Em 2002, uma de suas principais obras, O mestre ignorante, foi traduzida e distribuída gratuitamente entre professores em formação no Rio de Janeiro. Trata-se da história de Joseph Jacotot, que, no século 19, ensinou a língua francesa a jovens holandeses da classe operária. Detalhe: nem mesmo o professor conhecia o idioma de Zola."
FONTES:
Carvalho, Olavo O Imbecil Coletivo II ; Rio de Janeiro : Topbooks, 1998.
Diversos Cadernos de Anotações Seminários GEPEC 2003, UNICAMP.
Rancière, Jacques O Mestre Ignorante; trd Lílian do Valle, BH : Autêntica, 2002.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Interatividade Reversa (Futebobos - Ed Especial)

Publicado no Facebook 14/12

BOMBA! BOMBA! ESCÂNDALO! Foto antiga revela que blogueiro que escreve contra o "esporte do povo" em posts denominados "Futebobos" jogou em time amador. Teu passado te condena "mané!" Descobrimos! Aproveitamos a puxamos a ficha do sujeito como "atleta". Nome do time que jogou: GRUNE (Grupo Nova Esperança) - Posição: lateral esquerdo - Quantidade de jogos: 1 - Gols marcados: 2 - Ano: 1989, agosto. Segundo nossos cronistas o blogueiro jogou uma partida, "solteiros X casados". Marcou dois gols no "seu" Germano. O goleiro de 60 anos pelo time dos casados. O segundo gol aos 18 minutos do segundo tempo foi de cabeçada. O zagueiro dos casados, seu Manoel foi bater o tiro de meta. Ao chutar a bola, a mesma encontrou a cabeça do nosso blogueiro nervosinho. Dois a zero pros solteiros! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Agosto de 1989. Jogo comemorativo do II Encontro de Casais com Grupo de Jovens/Sta Mônica - Clube Particular. "Atleta" circulado na foto é o autor da série Futebobos.
Carregada de ironia, o post acima publicado em uma grande rede social, trás a tona o eixo desta pequena teoria. De onde vem tamanha antipatia por algo que é tão popular? Ainda mais de alguém que se apresenta como esclarecido e definido socialmente como educador. A responsabilidade vem do amadurecimento e da mais "perigosa" das ações na vida de uma pessoa. A leitura. O antropólogo uspiano Luiz Henrique de Toledo, em um dos volumes da coleção Descobrindo o Brasil, define bem em "No País do Futebol (2000)." (...) "E é dessa paradoxal falta de consenso que se articular uma identidade negociada e sempre inacabada, diversa de algo tomado como estático ou universalizante. Mais do que um mero espetáculo consumível, o futebol consiste num fato da sociedade, linguagem franca de domínio público (...) que reencanta a dimensão da vida cotidiana através da estética singular." Trata-se da conclusão do livro. Em busca de uma definição para o futebol, o autor encontra na pluri diversidade de seus conceitos, até a possibilidade de odiá-lo como dimensão compreensiva cotidiana. Em meu caso especificamente, associaria a paixão pelo esporte, por algum time e pela seleção como uma manifestação infantil, imatura e desapegada de um complexo conhecimento de mundo. Ou seja, na medida em que fui me tornando adulto, ganhando gosto pela leitura e pela paixão dos estudos, o futebol inseriu-se numa sub dimensão cotidiana. Flagrando fanatismos diversos de torcedores, a incorporação da corrupção ativa no esporte assim como na política, descobre-se que não há o purismo das cores dos times e tão pouco na singeleza das jogadas dos gênios. Nos anos 80, um escândalo envolvendo arbitragem revelou um esquema vergonhoso de compra de resultados de times do porte do Atlético do Paraná e do Corínthians. E vieram as frescuras dos "gênios indomáveis" da Copa de 1994 como Zagalo e Romário. Do histerismo descontrolado do Galvão Bueno narrando os jogos da seleção. No início da década passada novos escândalos envolveram o Rei Pelé e suas empresas na compra de exclusividade de patrocínios. Bem como as armações da Fifa, então comandada por brasileiros. Ainda segundo Luiz Henrique de Toledo, a intensa massificação do esporte via mídia fez com que; "o futebol se projetasse como um esporte de grande apelo popular." Eis outro ponto de distensão com minha antiga paixão pelo esporte. Brigas e mais brigas entre torcidas. Mortos nos estádios. Pouca ou nenhuma alteração no quadro tendo em vista as cenas chocantes entre o mesmo Atlético do Paraná e o Vasco. Inserido até o pescoço da cultura popular, o futebol deixou-se desnudar na vida pra lá de "profana" de seus ídolos. Na realidade, homens normais que se tornam de um dia para outro, milionários em razão do esporte inebriam-se na doce vida com várias mulheres, carros, fama e baladas. Esse mundo não é o meu. Passei a detestá-lo e faço sim propaganda contra. Da comparação do "Pão e Circo" onde a inconsciência coletiva dos romanos era sim manipulada pelo poder vigente, creio que hoje o brasileiro reconhece também todas essas mazelas do esporte. Não se desvincula pelo fato do tema ser agregador nas mesas de boteco, nos almoços de domingo, nos aniversários de buffet infantil onde a pobreza intelectual e o abandono da escola e dos estudos, permite mesmo apenas esses papinhos furados sobre o que ocorre dentro e fora dos gramados. Fecho este texto com outra citação de Toledo; "É como se ele conferisse à identidade nacional uma marca indelével, inscrevendo no corpo e na alma de milhões de brasileiros seu ritmo e sua temporalidade, sua estética, sua beleza e um determinado sentimento "diagonal" (...) Verdade mesmo Toledo, por essas e outras que somos tão obtusos na compreensão de nosso país. É mais fácil tecer uma teoria de porta de botequim sobre o time "x", "y" do discorrer sobre um teórico, filósofo, historiador ou qualquer outro cientista, porque nunca se leu nada a respeito, pouco interessa e causa um tremendo mal estar. 
O gosto pela leitura e a compreensão madura dos fatos foi o que acendeu meu senso crítico. Não vejo, não torço e não acho nada normal qualquer tipo de "fanatismo" envolvendo coisas do futebol.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Aventura Fittipaldi

Olhando com mais atenção nossa história, vamos encontrar brasileiros geniais e empreendedores. Sujeitos ousados diante do seu tempo. Em vez de "protestos" e discursinhos rancorosos contra o sistema, quase de forma silenciosa foram à luta. Deixaram um legado incomparável e incontestável. Em cada área vamos encontrar o gênio de um setor. Barão de Mauá abriria a lista de muitos que 
poderíamos com certeza incluir Amador Aguiar, Roberto Marinho, Silvio Santos e Antonio Ermírio de Moraes em se tratando de redes de comunicação e setor industrial. Nos esportes, prefiro entender que a família Fittipaldi deixou um legado para a história do automobilismo brasileiro que com certeza, jamais será superado. Emerson talvez tenha reunido em torno de si toda essa expansão. Só mesmo um gênio das pistas poderia no auge de sua carreira, trocar o conforto de um bi campeonato de Fórmula 1 e partir para um projeto quase insano para época. A construção de um carro e uma equipe de F1 genuinamente nacional. E assim a família Fittipladi partiu para esse projeto em 1974. A despeito dos críticos da época e os tantos problemas surgidos, os feitos do projeto são admiráveis. Emerson não ganhou corridas com o Fitti FD como cansou de fazer na Lotus e McLaren. Tão pouco foi campeão pela categoria Top do automobilismo mundial. Mas abalou o circo da Fórmula 1 mostrando inovações técnicas. Busquei pra resumir nos arquivos da Revista Racing e um livro do Luciano Pires (Brasileiros Pocotó), os dados sintetizados abaixo:
Equipe Copersucar Fittipaldi - 8 temporadas na Fórmula 1
Total de pontos da equipe = 44 
Melhores posições: 1 segundo, 2 terceiros, 5 quartos, 4 quintos e 7 sextos.
Detalhe: A Williams campeã por vários anos e ainda hoje na categoria somou na mesma época 21 pontos
Mundial de 1978 = Somou 17 pontos. Ficou na frente da McLaren, Willians, Renault e Arrows.
1980 = A Fittipaldi ficou 11 pontos à frente da Ferrari e Alfa Romeo.
É parte dos grandes feitos da equipe de Emerson e seu irmão Wilson. Mas apesar disso, em 1983 por falta de apoio e patrocinadores a equipe fechou. Nomes famosos fizeram parte do time. Keke Rosberg por exemplo, pilotou pela equipe e no ano seguinte foi campeão pela Williams. Hoje seu filho Nico é piloto da Mercedes. Adrian Newey foi projetista na equipe de Emerson. Hoje é o responsável pela imbatível Red Bull. Mas o que importa é o legado deixado. Emerson com o fim da equipe foi para os EUA e foi campeão pela Indy. Um gênio dentro e fora dos carros. Orgulho nacional. 

Memórias do Gomes. Parte 3

Jornal Diário do Povo, fevereiro de 1976. Na volta as aulas, minha chegada na 5ª série com direito a foto na capa do jornal. Flagrado prestes a "tomar uma caneta" na quadra do meu então amigo Carlos.
Uma das ruas laterais da escola Carlos Gomes, a Rua General Osório abriga um grande centro comercial. Nos idos anos 70, em início de ano letivo, lá iam "procissões" de mães rumo às papelarias e livrarias comprar o "arsenal" do material escolar. Nada do governo ajudar como nos dias atuais. Ganha-se de tudo hoje. Livros, mochilas, kit de material escolar completo com cadernos, lápis, borracha, compasso, cola e até livros de literatura. Sem contar Passe Escolar, Passe Gratuito e merenda. Mas naqueles anos, eram os míseros trocados dos pais que subsidiavam, às vezes a prestação o material a ser usado no ano. Voltando a General Osório, a papelaria mais famosa e central era a Nossa Casa. Hoje no mesmo endereço existe comércio similar, mas com outros proprietários. Lá fui eu em uma perdida tarde de março de 1976 com minha mãe. Estávamos munidos da lista que a escola pedira e a desconfiança que a tal "inflação" talvez não permitisse muito luxo no material. Me lembro que o comércio estava lotado. Gente pra tudo quanto é lado. Filas para fazer o pedido. Filas para pagar no caixa. Aliás, os donos lá ficavam. Eram dois sujeitos obesos. Mas obesos mesmo. Suavam às bicas apesar dos ventiladores voltados para suas cabeças. O calor forte do verão não perdoava. Eu paquerava as mochilas mais legais. Eram as que traziam desenhadas os carrinhos da Matchbox (se fosse hoje, Hotwells). Mas eram caras! Desejava um estojo todo bacana de madeira com divisórias internas para o apontador, a borracha, os lápis, os de cor enfim. A tampa tinha um desenho de um barco todo estilizado pra corridas aquáticas. Tinha outro que era uma foto de um dragster! Ah! Como desde essa época eu adorava os carros! Mas tudo muito caro. Todo ano era a mesma coisa. Ficávamos horas para sermos atendidos. Mas neste ano de 1976, ficou na minha lembrança. Depois de separar o material, feitas as contas, fomos para a fila do caixa. Me lembro que um daqueles gordos (ah! desculpe, obesos), chamou minha mãe e tascou: "Oitenta e dois Cruzeiros dona!" Minha mãe meio que sem jeito ficou muda por instantes. Olhou para trás, calculou a fila que a espreitava e tentou: "Ihh moço, só tenho oitenta, posso pagar o resto depois?" Minha memória deletou o que o sujeito respondeu pra minha mãe. Mas foi algo ruim e indelicado que me fez dizer na hora: "Gordo filho da p@#*a, minha mãe disse que depois dá o dinheiro!" Não houve jeito. Além de não ceder na proposta de minha mãe ele recuou na venda depois do meu comentário. Me lembro que ela chorou neste dia. Um desapontamento de mãe, talvez com vários motivos. Pouco dinheiro, altos custos para me manter estudando e porque não a "boca suja" do filho! Foi meu pai, na época um metalúrgico que foi lá e resolveu a parada. Pagou a vista o material e reafirmou do jeito dele o que o filho dissera um dia antes. E que não justificava a recusa da venda, já que todo ano comprávamos lá. Detalhe. Na época não havia Procon, mas meu pai carregava na Kombi algo que talvez tivesse maior efeito. Um "senhor" facão que era usado apenas para os serviços braçais. Mas duvido que não fizesse as vezes de um Serviço de Atendimento ao Consumidor. Meu pai era meio "estourado", mas sempre dentro do que ele denominara "estar na razão." Aquele ano, aquela quinta série foi talvez o ano mais delicioso de escola. Quanta coisa legal pra um adolescente dos anos 70! Surgia a Disco Music, a Globo lançava a primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo, aos sábados não perdíamos um episódio de Harold LoydStar Lost, série sobre espaço nunca mais reprisada. Nas aulas muitas novidades, vários professores novos e as meninas! Ah! As meninas...Nas bancas de jornal era mania a compra de times de futebol de botão em envelopes como se fossem figurinhas. Criávamos torneios na escola e brincávamos nos finais de semana. Se dentro dos muros da escola Carlos Gomes, havia o acesso para o conhecimento, foi nas ruas envolta dela que fatos como o vivido na papelaria Nossa Casa que nos fez compreender que entrávamos na adolescência.
Ah se essas salas falassem. Quanta bagunça e paquera naquela 5ª série à tarde....

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Boxe, cinema e vidas nocauteadas!

Produzi uma série de textos sobre Boxe e Cinema em meu antigo blog donideias009, como já explicado tirados do ar juntamente com todos os outros blogs, administrados pelo portal IG. Parte dos textos eu tinha backupeado. Outra, como é o caso deste post, os reescrevo, como condição inegociável de eternização de tudo que aprendi sobre o tema.
As glórias do boxe ocultam a face mais cruel da vida de seus lutadores. O nocaute vem no round da idade e do esquecimento.

É óbvio que toda manifestação de violência tem uma natureza assustadora, por quem preza o bom senso e a passividade nas relações humanas. Principalmente quando tais "espetáculos" são eternizados pelas artes. O boxe enquanto esporte, apesar dos brutais contatos físicos, ganhou ao longo do século XX, um certo glamour. Os punhos de grandes nomes foram eternizados nos anais da História. Mesmo o mais alienado da área ouviu em algum momento de sua vida, nomes como Muhammad Ali, Jack Johnson, Rocky Marciano, Rocky Balboa, Foreman, Hollyfield, Lennox Lewis e Mike Tyson.  Mas o reconhecimento de seus jabes, cruzados e nocautes vieram com a mesma velocidade com que repercutiram suas sofridas vidas. Mesmo em períodos onde os meios de comunicação não tinham a mesma rapidez dos dias atuais. Os conflitos religiosos de Ali, os problemas com a máfia dos lutadores famosos da primeira metade do século XX até os crimes punidos com prisão de Tyson, não faltam episódios. Robert "Rocky" Balboa, ao contrário do que muitos imaginam, não foi apenas um personagem de franquia levada aos cinemas por Sylvester Stallone. Balboa de fato existiu. Talvez no espírito de Rocky, uma centena de boxeadores tenham alternado suas vidas pelos ringues e em trabalhos pesados. Ajudantes em todas as profissões. Essenciais a si mesmos entre as cordas dos ringues. Os 6 filmes sobre Balboa renderam milhões de dólares a Stallone e segue uma cronologia de vida de um boxeador que sai do anonimato de um sombrio bairro da Filadélfia dos anos 70, vive seu auge nos anos 80 e entra em franca decadência nos anos 90. A finalização da série se dá com o lutador sexagenário, dono de um restaurante na periferia da mesma Filadélfia. Esquecido e doente, é manipulado pelos agenciadores de lutas, patrocinadores e por uma legião de párias que sempre ganharam muito dinheiro com o esporte, sem nunca terem pisado num ringue. Dinheiro, família, religião e conflitos sempre acompanharam a vida dos boxeadores famosos. Muhammad Ali, além de grande habilidade nos punhos, tinha uma língua feroz. Contestou fora das cordas seu ódio pelo racismo, seu inconformismo com a Guerra do Vietnã, tornando-se um ícone não apenas dos esporte mas da política do seu pais. "Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra ele?". Poderia haver protesto maior contra o conflito? Sim, na recusa do alistamento para ir à guerra. Outro feito de Muhammad Ali. A luta do mesmo no então Zaire contra George Foreman foi outra grande manifestação política de Cassius Clay (nome real de Ali antes de sua polêmica conversão ao Islã). A luta contra Foreman em terras do continente africano, abriu uma fase de compreensão dos conflitos raciais nos EUA, mais tarde denominado pan-africanismo. O documentário "Quando Éramos Reis" (1974) é obrigatório para qualquer estudo que faça a fusão do boxe, da política e da personalidade de cada lutador. A imagem que ilustra este post, logo acima, trata de outra produção dos cinemas que busca no boxe novas dimensões para o que tratamos até aqui. Um repórter Erik envolve-se na vida de um homeless (sem-teto). Surge na mente do repórter o deslumbramento de em suas pesquisas a descoberta de que o indigente seja Bob Satterfield, uma lenda do boxe, que todos acreditavam estar morto. A imersão na vida do provável boxeador resgata para o repórter possibilidades de produzir uma grande matéria, resgatando a história de um campeão. O fascínio mescla-se com a farsa e com a idealização de que todo boxeador famoso termina seus dias após os maiores nocautes de suas vidas. O da idade e do esquecimento. Mas tais caminhos não são monopólio apenas dos boxeadores. Atingem também as vidas de pessoas "normais" como Tommy Kincaid, que um dia sonhou com os louros e as fortunas do boxe. Mas, encontrou a crueldade das dificuldades típicas a qualquer ser humano.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sem dúvidas no ar (Futebobos 16)

O texto abaixo foi postado em meu antigo blog, o donideias009, em 12 de junho de 2010. Portanto, no início da Copa da África. A do Brasil está às portas. O tema no momento, também ressurge após as trágicas imagens da selvageria do jogo entre o Atlético Paranaense e Vasco da Gama em Joinville (SC). De tudo que acumulei de leituras sobre as atitudes pernósticas do futebol, aqui vou escrever com todo gosto.
Ah! Não vejo a hora da Copa começar! Afinal não basta ser feito de otário só com impostos, péssimos serviços públicos, violência....
Faço parte do zero vírgula zero “alguma coisa” por cento, que não dá a mínima para futebol e tão pouco Copa do Mundo! Sendo assim, na atual conjuntura sou classificado pelo senso comum reinante nestas paragens tupiniquins, “do contra“, “chato“, “não patriota” e outras bobagens! Futebol é uma das poucas coisas que na vida “desaprendi” a admirar e gostar. Poderia aqui contar mil historinhas de vida que provariam ao caro leitor, que futebol é algo muito irrelevante para mim, mesmo em épocas de jogos da seleção válidos para a Copa do Mundo! As melhores lembranças que tenho do futebol vem na realidade das maravilhosas crônicas de Nelson Rodrigues. Escritor, dramaturgo e jornalista escreveu as principais obras do gênero; “À Sombra das Chuteiras Imortais“, “A Pátria em Chuteiras“, “Fla-Flu e as Multidões Despertaram.” Torcedor e cronista do futebol, traduziu como ninguém a “neuras” que domina o povo em épocas de Copa do Mundo. Assim ele escreveu “A Pátria em Chuteiras”; “A partir do segundo gol, algo mdou no destino do Brasil. Este começou a ser uma grande potência. E, hoje, acordamos, todo com a fronte erguida e fatal dos profetas. Neste momento, a crioulinha, a favelada e descalça, tem um halo de Joana d’Arc. E o brasileiro pé rapado, mais borra-botas, enrola-se num manto como um Rei Lear.”(Fatos & Fotos, 16/06/1962) Desta forma comentou um jogo da seleção brasileira na Copa de 1962. Descobri então que há vida inteligente neste país, mesmo vindo do futebol!

sábado, 7 de dezembro de 2013

Allegro ma no troppo



Também publicado no Facebook 07/12/2013

"E aí historiador? Nenhuma linha sobre a morte do Madiba?" Em tempos de profunda comoção pela perda de um ícone de época, pouco se contesta e muito se superdimensiona seus feitos. Quem seria qualquer um de nós a questionar os feitos de um dos maiores líderes do século XX? Obviamente que lutando pela igualdade racial envolveu-se até o pescoço com a política. E nesse viés imediatamente à sua libertação da prisão, tornou-se governante de uma das principais nações do continente africano. Após 40 anos de segregação, o país elege o primeiro presidente negro de sua história. Se de ponto de vista racial e social seu governo é lembrado pelas profundas reformas, do ponto de vista econômico e social seu governo foi pífio, horrendo! Nada de distribuição de renda aos negros que passaram a gozar de igualdade racial. Aliás os negros e brancos ricos assim o continuaram pelos quatro anos de governo. Manteve-se uma política de mercado, concentrando renda e contrariando as expectativas do movimento sindical que aglutinara forças para sua eleição. Alertado sobre a epidemia da AIDS que se alastrava pelo continente, poucos recursos e forças mobilizou para o combate da doença que dizimava milhões! Em final de mandato Mandela equivocou-se na política internacional autorizando a invasão de Lesoto em nome da democracia local. Numericamente houve avanços nos investimentos em saúde e educação, mas nada que alterasse a penúria secular do povo. Critica-se muito também a pouca ênfase no julgamento e condenação dos executores do aparthaid. Aliás, manter Frederik De Klerk soou estranho para início de mandato, sendo este um dos algozes dos negros em anos anteriores. E vieram as crises "palacianas" com suas indicações aos ministérios do seu governo e as crises igualmente tão graves como as familiares. Bom, para evitar um "nem jesus cristo agradou todo mundo", convido a todos que pesquisem mais sobre o carismático líder que nos deixa. Evitem a sedução da mídia. Evitem o encantamento com as dancinhas locais que dão outra conotação ao sentimento de perda de um dos mais carismáticos líderes do século XX. 
Agora que esse bracinho erguido aí da foto é suspeito ah isso é mesmo! Não é mesmo Zé Dirceu?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Post animado! Citação oportuna.

O texto abaixo foi originalmente publicado no blog donideias009 que ficou on line por dois anos até o portal IG extinguir o Blig. Aliás, perdi mais de 40 textos não backupeados antes do fechamento sem aviso prévio. Mas o post Toys foi inserido no blog em 11 de julho de 2010. Tinha acabado de assistir com meu filho mais novo. Como citei no texto sobre "Os Incríveis" que pessoas choraram na sessão da terceira parte da trilogia Toy Story, descrevi imediatamente ao ver o filme as causas destas lágrimas. A força de um roteiro bem escrito e de efeitos tão bem produzidos conseguem de fato incomodar os sentimentos dos que nas salas de cinema, procuram de fato, esse efeito mágico que só o cinema pode oferecer.

Cena 1. “Presos” sem condições de fuga, os personagens agonizam entre a violência das “brincadeiras” das crianças em Sunnyside e um cruel sistema de vigilância antifuga comandado por um líder radicalmente mau. Durante a noite, cada porta e corredor da creche têm os “olhos” do líder por meio de fanáticos seguidores. Um dos ”mocinhos” tenta a fuga, mas é pego. Torturado, sofre uma “lavagem” cerebral e volta-se contra seus próprios amigos.
Cena 2. Os amigos se entre olham perguntando-se; “E agora, o que faremos?” Sem respostas, todos se dão as mãos. O fogo do incinerador é cada vez mais próximo. O fim é questão de tempo. Termina ali, em um grande lixão, uma vida de aventuras, de loucas escapadas e grandes idéias. Lealdade, amizade e a certeza de até na morte o estar junto tornará os problemas menores, conforta o fim de todos.
Pois é! As cenas descritas acima, não foram extraídas de nenhum dramalhão contemporâneo. Filme policial, suspense ou guerra. Trata-se de Toy Story3. Eis que após 15 anos, a caminhada do caubói Woody e seus amigos chega ao final tendoAndy, seu dono, chegado ao fim da infância e adolescência e iniciando a vida adulta na faculdade. Ele organiza um ritual de despedida de seus brinquedos preferidos. Por circunstâncias incríveis, os brinquedos são doados para uma creche. A princípio para estes brinquedos que ganham vida nas telas do cinema, o que fora uma grande alternativa inicia na realidade um show de horrores, medos e tortura. Apesar da conotação de filme infantil, adultos como eu, acabam vendo o filme para levar os filhos.  A obra  também é voltada aos mais experientes. Há piadas de duplo sentido como nas cenas hilárias do relacionamento de Ken e Barbie, esta também vítima do abandono. Há cenas de forte conotação emotiva, extraindo do mundo imaginário da animação infantil, lições de vida. Toy Story tornou-se a meu ver, um clássico contemporâneo. Foram três filmes ao longo de 15 anos, sendo que do segundo para o atual, 11 anos de espera comprovam que valeu a pena a espera. Cinco premiações do Oscar e um faturamento próximo de 5,6 bilhões de dólares no mundo todo. O fato da terceira parte, trazer consigo a grande novidade do mundo com a tecnologia 3D, um roteiro minucioso e bem amarrado ainda são os pontos mais fortes do filme. Pudera. A terceira parte demorou quatro anos para ser produzida. 185 profissionais se envolveram no projeto. O resultado é um filme excelente para crianças e adultos que como eu saíram do cinema com certo “nó” na garganta mesmo sabendo que os brinquedos lá de casa não tem vida.
Autor: donizeteassis@superig.com.br - Categoria(s): NotíciasTags:

Sombria? É pouco! Depois se vendem esses filmes com rótulos "para crianças!"


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Beto e Helena Pêra. Flecha e Violeta Pêra.


A primeira década dos 2000, consolidou nos cinemas pelo mundo dois gêneros que se mantiveram na década seguinte. Os filmes de super heróis que saíram dos quadrinhos e foram para as telas. Duas fontes inesgotáveis deles podem ser lembrados em qualquer lista de melhores. DC Comics e Marvel. Hulk, Homem de Ferro, Batman, Homem Aranha, X Men, Thor, Capitão América e Os Vingadores pra começo de conversa. Um segundo segmento que tem arrastando multidões para os cinemas sem dúvida, são as animações. Que atire o primeiro mouse quem não se encantou com os deliciosos enredos e personagens produzidos pela Dreamworks e Pixar! Toy Story, Carros, Wall-E, Up! Altas Aventuras. Shrek, Gato de Botas, Wallace e Grommit (Aardman Animations), Robôs, Monstros S.A. e uma interminável lista de títulos que milhões de pessoas foram ver no cinema e tem cópias em DVD em suas casas. A magia de todos, além de uma criatividade visual impecável tem roteiros que encantam crianças e adultos. Quando Toy Story 3 estava em cartaz, ouvi gente chorando na sessão durante os momentos mais dramáticos dos brinquedos. Mas cinema é isso! Encantamento! Escrevendo esse post em razão de rever pela "enésima" vez a animação que julgo com alguns critérios baseados na crítica o que considero a melhor de todas essas animações. Produzida em 2004, pelos Estúdios de Animação Pixar e distribuída pelo mundo pela Walt Disney, "Os Incríveis" condensaram décadas dos filmes de ação, suspense em aventura numa animação ímpar!

"Cadê meu nome no título?"


Muitos dos filmes de super heróis exibidos nos últimos vinte anos, tem em partes de suas franquias, personagens com super poderes em crises existenciais. Vide Homem Aranha e Batman. "Os Incríveis", trazem alguns anos antes este elemento, focando uma família inteira em crise perdida entre ocultar seus poderes e frustradas tentativas de levar uma vida simples. Heróis aposentados. A animação transmite a exata essência deste fator e insere o tema "morte" dos super heróis. Aliás, "Os Incríveis" é piorneiro no uso de personagens humanos em animações e por incluir o fator "morte" para estes. Recebeu a classificação PG nos EUA por ocasião de seu lançamento no cinema. E se percebe diversas influências nas aventuras da família Pêra. Se assiste nos quase 100 minutos de filme, o clima por vezes "noir" de Missão Impossível, as invencionices espetaculares da franquia de James Bond 007, bem como dos cenários igualmente surreais. Drama, suspense, traições há uma infinidade de situações adultas entremeadas por piadas e tiradas geniais. Criada e dirigida por Brad Bird (também criador dos Simpsons), "Os Incríveis" arrecadou mais de 630 milhões de dólares ao custo de 92. Um sucesso arrasador. Uma das principais bilheterias da década. Trouxe personagens coadjuvantes que se perpetuaram como a estilista de heróis Edna Mode e outro herói bacana, Gelado. Criou e matou no final, um terrível vilão, o Síndrome. Não teve continuação, o que o diferenciou ainda mais de seus concorrentes. Cogitou-se uma continuação no final de 2011, mas sem confirmação. Quem assistiu entende o final como uma ponta de continuação. Poderia chamá-lo de clássico e por ser tão especial, creio que uma continuação talvez eliminasse um pouco dessa magia condensada numa única grande aventura de heróis que do auge, são aposentados por força de uma opinião pública cansada de seus atos. Heróis que entram em crise e forçados por circunstâncias muito particulares, voltam a utilizar seus super poderes, não para salvar o mundo e sim a si mesmos ou a instituição que mais riscos corre atualmente, a família.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Memórias do Gomes. Parte 2.

Foto pertence ao acervo: bruna-la-serra (fotografia)

Corriam os anos da década de 70. Obviamente, guardadas as proporções este anos se diferenciam cada momento histórico posterior. Mas afirmo com toda convicção que aqueles tempos eram bem melhores. Talvez mais simples. Menos exigentes. Com menos cuidados. Aquelas escadarias de madeira, os corredores gélidos com pisos quase espelhados com desenhos exclusivos e provavelmente de material importado para a Escola Carlos Gomes, abrigavam com toda segurança as crianças e adolescentes daqueles idos 70. "Vícios?" Sim, claro. Tínhamos os nossos. Colecionar figurinhas por exemplo. Álbuns como o do filme do King Kong (1976), dos jogadores das Copas do Mundo de 1970, 1974 e 1978, o álbum com figurinhas de metal, o chamado Chapinhas de Ouro com marcas de carro, de cigarro e atores do filme O Planeta dos Macacos. Ahh! Coitadinhas de nossas mães que não venciam nos dar dinheiro para sustentar esse "vício!" Eram nas redondezas da escola que trocávamos nossas figurinhas repetidas ou teimávamos perdê-las nas sessões de "bafo." Pasmem. O mais espertalhão da turma da 4ª e 5ª séries, era o Bráulio. Um garoto com pinta de bobão. Apesar da deficiência visual, nos tomava as figurinhas competindo sua esperteza com nossa ingenuidade. Mas óbvio que aula era aula. Dona Maria Alice, minha professora de 1ª e 2ª séries talvez seja co-responsável por parte de minhas perdas auditivas ao longo da infância. Como gritava! Me lembro da professora Glenda. Naquele ano de 1974, a escola Carlos Gomes entrou em reforma e fomos transferidos para as dependências do Instituto Alan Kardec na Avenida Anchieta, onde a "tia" Glenda tentou a todo custo concluir nosso processo de alfabetização. Mas olha como funcionava o cérebro dos moleques da época. Comentávamos na entrada e saída das aulas, as dicas da professora para as meninas. "Meninas! Já já vocês terão seios e portanto jamais fiquem arcadas com vergonha para escondê-los!" Puxa, "tia" Glenda! As dicas serviram para nós meninos prestarmos mais atenção nas meninas. Naquelas que mais rápido desenvolveram o que a senhora vivia dizendo! E foi a Jaque, que ganhou o torneio daquele ano! Mas aquelas duas jóias avantajadas, não foram para o "bico" de nenhum dos "curiosos" de plantão. Era só olhar e disfarçando bem, se não a Jaque brigava!  Me lembro daquele ano de conhecer pela primeira vez a "noia" dos brasileiros para os jogos da seleção. As aulas eram suspensas para os jogos da primeira fase da Copa do Mundo na Alemanha. Zaire, Escócia e Iugoslávia. O Brasil foi péssimo nos primeiros jogos e se classificou para a segunda fase, caindo aos pés da Argentina. Não me importei muito, porque o legal mesmo daqueles dias era não ter aula para ficar com os amigos. Entre eles o Messias. Briguento e eterno a candidato a "líder", era meu concorrente com a Helô! Ele era mais estiloso pelo cabelo loiro espanador (Ted Boy Marinho, lembra?), mas por ser chato demais, a Helô preferia mais ficar com o gordinho (Christoffer Croos, anos 80, lembra?) que também era estiloso pois caprichava no visual ao calçar um inédito Topper cano longo vermelho. Era a versão nacional do All Star, tênis oficial dos jogos de basquete pelo mundo. Nas aulas de Educação Física eu tentava com meu estiloso calçado pelo menos aparentar o famoso ídolo Oscar da seleção. E foi na nova quadra do Carlos Gomes as primeiras "cestadas" nas aulas de Educação Física com o professor Fefeco que em termos de chatice superou com uma distância considerável os berros da dona Maria Alice da 1ª série. 
Clássico do início de década.

Me arrependo até hoje de não ter guardado essa relíquia que com certeza foi um ícone destes deliciosos anos 70. 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Leituras perturbadoras!

Foram três meses de leitura. Na realidade um período de estudos. A quantidade de tempo demandado para a leitura das 615 páginas, não foi imposta pelo excesso visível do dorso do livro, mas pelas centenas de links e notas do autor. "O Imbecil Coletivo", 1996, que li apenas na 4ª edição, já tinha me perturbado muito. Sempre amei a leitura e sua incrível capacidade de mobilizar meu ser. O problema de ter lido o primeiro livro de Olavo de Carvalho, foi que uma vez "contaminado" pela lucidez do autor mediante a imbecilidade planetária a respeito das diversas conjunturas que nos rodeiam, nunca encontrei uma interlocução para discutir as teses do autor. E olha que transito no meio docente a vinte longos anos. Aliás, na medida em que o tempo passou, esse grupo social, o da sala de aula, o "que prepara as novas gerações" nunca esteve tão indigente intelectualmente. Certa vez, antes da onda politicamente correta, levei o capítulo "Mentiras Gay" para debater com uma professora de Ciências de uma escoleta partiular que militava a favor da causa. Meus argumentos fundamentados pelo livro de Carvalho, sucumbiram a neura simplista do senso comum que impõe o "respeito ao próximo", que "deve-se se aceitar as pessoas como elas são..." e demais concepções chulas que assolam o meio docente, que há tempos abandonou a leitura e a pesquisa para formarem suas opiniões. "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", obra lançada este ano pela Editora Record é igualmente perturbador. Mas reafirma a tese que atravessa décadas em nossa cultura letrada que nunca fomos tão idiotas como nos tempos atuais. O mal estar na conclusão do livro, veio do fato que mesmo atento a esta "onda imbecilizante" e fugindo dela, ainda estou a "anos luz" de equilibrar minhas convicções e discutir a altura com o meio. Olavo de Carvalho além de um grande intelectual é de fato muito corajoso. Me lembro da celeuma causada no meio docente em 1999, quando declarou nas páginas amarelas da Veja e em entrevista à Revista Educação, que "Paulo Freire era um "tosco". Nesta obra de 2013, a seleção de artigos, em sua maioria extraídos do Diário do Comércio, Carvalho reafirma a corajosa provocação ao "deus' dos professores contemporâneos. Além de "tosco", Carvalho em um artigo de 19/12/12, reafirma que a geração formada no esquerdismo educacional da geração Freire, chegou ao poder até sem saber escrever corretamente. De fato, mea culpa! Parte dos meus 17 anos de sala de aula, fui responsável por "esquerdizar" minhas aulas de História. Mas não entendo estar "à direita" de nada por reconhecer isso. O problema é não reconhecer que todo conhecimento, quando transmitido deve procurar verificar diversas premissas. Só isso! Por preguiça intelectual em ler os autores que contestassem por fatos as teorias de esquerda sobre a História. Fui contaminado pelo petismo sufocante nas teorias educacionais. Sim! Somos um país de idiotas! Nossa cultura contemporânea é uma piada. Tudo está nivelado por baixo. Cultua-se a estética da miséria, da pobreza e se aceita qualquer coisa em nome da "inclusão social" apregoada pelos estertores da política lulista que tomou de assalto o pais há dez anos. Na conclusão do livro, a certeza do quanto estamos longe do ideal. Não se trata de conceber o mundo à direita ou a esquerda na política. Mas de se olhar com mais equilíbrio certas verdades apregoadas na mídia. Essas certezas que aparentam normalidade. Vamos lá! Aceitemos que nossos jovens formam um contingente de "nanicos intelectuais" que mal sabem escrever e quando muito, leem porcamente. Que a aceitação da onda gay, do aborto, da ditadura petista e suas bolsas são um cancro na história do país. Que nossas escolas são medíocres. Torram dinheiro público e não formam sequer, mão de obra barata para o mercado. Que aceitamos "qualquer coisa" como imposição de inclusão social, do aspecto do que tem que ser encarado como "popular", manifestação do povo. Ainda que isso seja uma afronta a construção cultural de nosso país. Achincalhe na música com os ritmos musicais onde moleques de periferia regurgitam qualquer bobagem e se tornam "artistas!" Achincalhe na tevê onde qualquer idiota semi-alfabetizado tem seus 15 segundos de fama. Sem contar a indigência no mundo da política. Eis meu maior peso de consciência. Por anos defendi e militei com essa gente de esquerda. E que toda violência atual vem do excesso de relativismo social imposto até no mundo jurídico, onde diante do fato de que existe no país muita desigualdade social, pode-se deixar impune o assassino, o estuprador, o sequestrador, os "dimenor!" Para finalizar, se você tem preguiça de pensar, afaste-se desta obra de Carvalho. É um tratado contra a idiotia reinante. É um alerta para uma retomada. Pior do que um idiota alienado é um idiota esclarecido que insiste na crença de que tudo está "assim", porque as coisas devem ser "assim!" Primeira argumentação de uma professora quando teci comentários a respeito do livro de Olavo de Carvalho.