Foto pertence ao acervo: bruna-la-serra (fotografia)
Corriam os anos da década de 70. Obviamente, guardadas as proporções este anos se diferenciam cada momento histórico posterior. Mas afirmo com toda convicção que aqueles tempos eram bem melhores. Talvez mais simples. Menos exigentes. Com menos cuidados. Aquelas escadarias de madeira, os corredores gélidos com pisos quase espelhados com desenhos exclusivos e provavelmente de material importado para a Escola Carlos Gomes, abrigavam com toda segurança as crianças e adolescentes daqueles idos 70. "Vícios?" Sim, claro. Tínhamos os nossos. Colecionar figurinhas por exemplo. Álbuns como o do filme do King Kong (1976), dos jogadores das Copas do Mundo de 1970, 1974 e 1978, o álbum com figurinhas de metal, o chamado Chapinhas de Ouro com marcas de carro, de cigarro e atores do filme O Planeta dos Macacos. Ahh! Coitadinhas de nossas mães que não venciam nos dar dinheiro para sustentar esse "vício!" Eram nas redondezas da escola que trocávamos nossas figurinhas repetidas ou teimávamos perdê-las nas sessões de "bafo." Pasmem. O mais espertalhão da turma da 4ª e 5ª séries, era o Bráulio. Um garoto com pinta de bobão. Apesar da deficiência visual, nos tomava as figurinhas competindo sua esperteza com nossa ingenuidade. Mas óbvio que aula era aula. Dona Maria Alice, minha professora de 1ª e 2ª séries talvez seja co-responsável por parte de minhas perdas auditivas ao longo da infância. Como gritava! Me lembro da professora Glenda. Naquele ano de 1974, a escola Carlos Gomes entrou em reforma e fomos transferidos para as dependências do Instituto Alan Kardec na Avenida Anchieta, onde a "tia" Glenda tentou a todo custo concluir nosso processo de alfabetização. Mas olha como funcionava o cérebro dos moleques da época. Comentávamos na entrada e saída das aulas, as dicas da professora para as meninas. "Meninas! Já já vocês terão seios e portanto jamais fiquem arcadas com vergonha para escondê-los!" Puxa, "tia" Glenda! As dicas serviram para nós meninos prestarmos mais atenção nas meninas. Naquelas que mais rápido desenvolveram o que a senhora vivia dizendo! E foi a Jaque, que ganhou o torneio daquele ano! Mas aquelas duas jóias avantajadas, não foram para o "bico" de nenhum dos "curiosos" de plantão. Era só olhar e disfarçando bem, se não a Jaque brigava! Me lembro daquele ano de conhecer pela primeira vez a "noia" dos brasileiros para os jogos da seleção. As aulas eram suspensas para os jogos da primeira fase da Copa do Mundo na Alemanha. Zaire, Escócia e Iugoslávia. O Brasil foi péssimo nos primeiros jogos e se classificou para a segunda fase, caindo aos pés da Argentina. Não me importei muito, porque o legal mesmo daqueles dias era não ter aula para ficar com os amigos. Entre eles o Messias. Briguento e eterno a candidato a "líder", era meu concorrente com a Helô! Ele era mais estiloso pelo cabelo loiro espanador (Ted Boy Marinho, lembra?), mas por ser chato demais, a Helô preferia mais ficar com o gordinho (Christoffer Croos, anos 80, lembra?) que também era estiloso pois caprichava no visual ao calçar um inédito Topper cano longo vermelho. Era a versão nacional do All Star, tênis oficial dos jogos de basquete pelo mundo. Nas aulas de Educação Física eu tentava com meu estiloso calçado pelo menos aparentar o famoso ídolo Oscar da seleção. E foi na nova quadra do Carlos Gomes as primeiras "cestadas" nas aulas de Educação Física com o professor Fefeco que em termos de chatice superou com uma distância considerável os berros da dona Maria Alice da 1ª série.
Clássico do início de década.
Me arrependo até hoje de não ter guardado essa relíquia que com certeza foi um ícone destes deliciosos anos 70.
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