"Caveirinha" na capa de livro sobre alimentos? Epa!? |
Enquanto as ruas e avenidas do Brasil "pipocavam" pessoas protestando pelos mais variados motivos, estava no meio de uma incursão mais difícil. O combate a própria ignorância que mesmo após quatro cursos superiores ainda incomoda a mente sobre conhecimentos que pelo menos dessem conta de parte das coisas que assolam nossa realidade. Fiz uma incursão autodidata na obra de Immanuel Kant. Filósofo racionalista do século 18 que introduz conjuntamente com outros pensadores as experiências de compreensão da realidade numa perspectiva mais crítica. Ler clássicos da Filosofia não é lá um parque de diversões, ainda que quando se faz boas descobertas, a sensação, é sim iguais as sentidas nas íngremes descidas de montanha russa. Mediante esta breve introdução e olhando novamente a ilustração deste post fica a pergunta. O que uma coisa tem a ver com a outra? Quero na realidade comentar uma das leituras mais indigestas feitas recentemente. Então vamos lá, dos estudos feitos sobre a obra de Kant, aprende-se que; "o exercício da crítica se dá num plano de examinar a realidade, julgá-la e avaliá-la" Estabelecer os próprios limites e confrontá-los. O uso excessivo da razão é a ferramenta essencial para leituras de muitos textos atuais. Ou como o caro leitor assimilaria a comparação que a jornalista Marcia Kedouk faz com a cocaína equiparando-a ao açúcar e a farinha de trigo que ingerimos diariamente. Eis uma das várias indigestas constatações que são feitas no especial da Revista Super Interessante, Prato Sujo (Como a Indústria Manipula os Alimentos para Viciar Você), Abril Editora, 2013. A obra desbanca vários mitos com relação aos alimentos que são por muitos especialistas, separados em dois grupos distintos; os "saudáveis" e "não saudáveis." Pura balela se levarmos em conta as quantidades de açúcar, sódio e sal de cada um deles. Ninguém está imune. Do vegetariano "xiita" ao frequentador assíduo dos fastfoods, todos correm riscos com os desgastes do organismo com o que se ingere. Bem escrito e de fácil assimilação, o livro de Kedouk retoma na história da alimentação a falácia das dietas para emagrecer. Não há remédios ou fórmulas milagrosas para a perda de peso e sim o controle da quantidade do que é ingerido. Mas eis o atrito do cérebro com o corpo que ao longo da caminhada da humanidade, ainda tem registrado os dados de um tempo de miséria na oferta de alimentos que remonta a Pré História. Não sobra pedra sobre pedra no tema. Adoçantes que mais prejudicam do que favorecem as dietas. Produtos industrializados que tem em sua composição itens mais do que suspeitos. Propaganda enganosa em 10 em cada 10 embalagens de bolachas, doces e demais industrializados. O poder demoníaco dos refrigerantes que nos "dopam" de tanto açúcar, sem jamais matar a sede. Aliás, pelo contrário, sua composição a faz aumentar! Me lembrando dos filmes de suspense, dá pra imaginar que essa jornalista, hora dessas deve estar morando em algum país europeu. Das empresas de fastfood a indústria dos alimentos orgânicos, em tese mais saudáveis (leia o livro e verás!) ninguém escapa dos dados disponíveis pela ciência e reunidos numa obra simples, fácil de ler e com um certo tom irônico se conectado às leis kantianas. Óbvio que faço isso por conta. Ele não é citado no livro. Mas Kant, quando escreveu sua principal obra, A Crítica da Razão Pura (1781) observou que "primeiro se deve viver e, somente depois filosofar..." No caso deste livro, creio que primeiro deveríamos "filosofar" antes de "comer", para aí quem sabe "viver..." Alimentos viciam! A comparação do açúcar com a cocaína não é provocação teórica!
Nenhum comentário:
Postar um comentário