sexta-feira, 12 de julho de 2013

Manifesto

Por estar de férias em três dias "devorei" o Manifesto do Nada na Terra do Nunca, Lobão, Editora Nova Fronteira. Parte de um pacote de livros que programei ler neste mês insosso fora das salas de cinema, das estantes das livrarias e dos cantos de leitura domésticos. Pelas polêmicas causadas por ocasião do lançamento em maio, esperava bem mais do livro. Chiadeiras de Caetano Veloso, Mano Brown entre outros só potencializaram a curiosidade pelo livro. O estilão desbocado e sem freios do Lobão, sempre me chamaram a atenção, principalmente quando comenta a penúria da nossa cultura contemporânea. Em especial, a música. Esse lixo em que se transformou o que temos que aturar por aí. No programa Pânico da Rádio Jovem Pan, Lobão comprou uma batalha com fãs destes moleques que hoje se aventuram no sertanejo. Afirmou que este tipo de música causa "feridas no cérebro", incuráveis para sempre! Ótimo! A proposta do livro é legal. Questionar porque nos limitamos a tão pouco em tudo? Porque resultados pífios em tudo nos acalenta por auto nos proclamarmos o mais baixo dos povos? Porque toda complexidade é tão execrada? E eis que surge um roqueiro para levantar tais lebres. Nos capítulos introdutórios Lobão repete a exaustão alguns avisos; "Indefectíveis indagações," "É certo que muita gente vai criticar  este livro só de orelhada, a partir de frases  tiradas do contexto  e de uma visão estereotipada do autor.""Quem é você, seu roqueiro, para falar de MPB, choro, bossa nova...!?" E por aí vai. Há muita polêmica. E selecionei alguns pontos para entrar nesta "doideira" conceitual a respeito dos pensamentos reinantes deste país. Digo pra todo mundo. "Esse país é um porre!" Os motivos são tantos. Para começar trabalho em Educação a vinte anos! Precisa mais? Abaixo os trechos que selecionei do livro. Não foram os mais polêmicos na mídia. Mas gostaria de comentá-los:
1 - Funk; "O funk carioca é uma das raras exceções, pois importou a batida do Miami sound e se apossou, em plena favela, de recursos eletrônicos, transformando o funk num grito de guerra, sexo, o mais genuíno estilo que o morro produz hoje em dia." (...) Alguns de vocês, podem pular da poltrona, ter um acesso apoplético, voar na minha carótida e vociferar: "Mas o funk é grotesco, sexista, violento, obsceno, tem letras horríveis, de articulação gramatical que beira a dialetos neolíticos (...)delírio a entoar cânticos guturais(...) - página 47 -  Lobão aposta que o funk atual é a última das fronteiras com relação a música no Brasil, isenta de reinvenções por parte do intelectual de esquerda. Prefiro apostar que de fato o funk é uma fronteira. Mas para mim é o limite da sanidade musical. O funk dá fim a música no Brasil. Creio que como Lobão afirma a não reinvenção do ritmo se dá ao fato de ser um produto impossível de se recriar, tamanha porcaria que se configura. O estilo criou uma geração acéfala no que diz respeito a música. Tornou bossal uma geração inteira de jovens pela falta de rumo. É lixo Lobão. É lixo! Não tem jeito! Não há explicação conceitual que dê conta disso! 
2 - Movimentos de rua; "As falcatruas mais escabrosas são expostas sem que haja algum tipo consistente de protesto, muito pelo contrário, os índices de aprovação ao governo só aumentam." - página 190 - Lançado em maio de 2013, nem o livro previu a onda de protestos pelo país. Verdade, "inconsistentes" na visão do autor. Mas que derrubaram a popularidade deste frágil governo. Agora o estilão "sem rumo" do movimento é fruto do que o autor vocifera no livro todo, nossa pobreza cada vez mais gritante em vários aspectos da nossa cultura letrada. Ou na Antropofagia conceitual de Oswald de Andrade?
3 - Roberto Freire; "(...) assim que um jornalista me perguntou em quem eu iria votar, respondi entusiasmado, sem titubear: no Roberto Freire! Imaginava Roberto Freire ser o famoso psiquiatra e escritor de livros que havia lido com sofreguidão, como o iconográfico Sem tesão não há solução, criador (...) lá vou eu me encontrar com o Roberto Freire, quando sofro um baque. Era outro Roberto Freire! (...) sem mais delongas, caio no colo do Partido Comunista Brasileiro!"
O livro tem outras passagens igualmente engraçadas. Mas faltou mais "porrada", principalmente em movimentos já criticados pelo roqueiro. Como por exemplo, o atual sertanejo. Malhar a política nacional tem sido lugar comum e neste aspecto o livro acrescenta, mas não inova. A mim particularmente, depois de um década de governo de "esquerda", "essa" esquerda eu não tenho mais dúvidas do engodo histórico que vivemos. De dentro de uma escola pública também escreveria meu Manifesto do Nada, com mais acidez e violência verborrágica. Mas Lobão é nosso Chaplin fora das telas de cinema. Polêmico e a frente do seu tempo. Conta-se nos dedos de uma mão nomes da cultura nacional que se aventuram ser "do contra" e se expor desta forma. Pudera o Brasil ter uma dúzia de Lobão a bater com força neste "porre" conceitual de país em que vivemos. Mas quando? Quem sabe quando o ensino público for descente e conseguir retirar 9 milhões de jovens e adolescentes das ruas, fora da escola ouvindo funk. Êca! Sugiro a leitura da entrevista do Lobão na Rolling Stone de maio. A achei muito mais polêmica do que o livro! Pelo menos mais direta, como por exemplo chamar Gilberto Gil de "canalha" sem milongas!


quarta-feira, 10 de julho de 2013

"Dores" de um protesto!

Também já fiz protesto. Participei de passeata. Ajudei a "ocupar" e "travar" a Avenida Paulista. Já segurei cartazes protestando contra o sistema. Sei bem o que significam os olhos ficarem semanas lacrimejando depois do protesto. Escapei das balas de borracha, mas não de "pagar a conta" do alto custo do "movimento!"
Eu mesmo! Em entrevista a jornalista do Correio Popular sobre o hollerith "zerado" em razão dos descontos de salário por 41 dias de greve. (2001)

terça-feira, 9 de julho de 2013

Post pop! Mad...

Da série de posts legais do blog donideias009, a publicação abaixo de 27 de fevereiro de 2010, recupera uma das minhas paixões da adolescência. A leitura de gibis.

Mad
Nos anos 70 morei no Cambuí próximo ao Centro de Convivência de Campinas. Estudar na escola Carlos Gomes, ver os seriados enlatados da Globo todas as manhãs, juntar grana para comprar aquele All Star cano longo vermelho, eram as paixões dos adolescentes. Leitura mesmo, só os gibis do Tio Patinhas e Zé Carioca, além é lógico da revista Mad. Surgida em 1952 nos EUA, só chegou ao Brasil mais de 20 anos depois. Dificuldades no encontro de uma editora que topasse a tradução de uma revista de humor tão ousada, a Mad passou a fazer parte das leituras dos brasileiros quase na mesma época que comprei meu primeiro número. A capa ao lado é de março de 1975 e foi esta revista que adquiri usada em 1977. Desde então passei a me divertir com as sátiras dos vários cartunistas liderados por Alfred Newman, o mascote que lembra um molecão com cara de bobo, talvez indicando o perfil dos leitores da revista. Maiores informações acessem:

Fornalha "Reload"

Entre abril de 2009 e novembro de 2010, mantive um blog no antigo Blig, espaço do Portal IG para blogs. Este, deixou de funcionar em maio último. Alguns dos textos que publiquei lá, estavam backupeados. Vou publicar neste blog a partir de agora, os textos que considero de uma série de bons temas que geraram polêmicas entre meus então leitores. O texto abaixo foi originalmente publicado em 5 de dezembro de 2009.
Fornalha
“A free-way estava coalhada de carros. De uma amurada a outra, nenhum espaço. Ao luar, via os radiadores enegrecidos, capôs corroídos, vidros partidos ou cobertos de pó, faróis vazados. Surgiram de repente, ao rastejarmos pela lombada. Na sua imobilidade davam a sensação de velocidade. Fantasmagóricos, como esqueletos de dinossauros em museus. Bando de monstros, mortos subitamente em pleno ataque. (…) Isto me vem à cabeça, ao ver estes velhos carros, talvez os últimos do grande sonho brasileiro. Logo depois do Notável Congestionamento, as fábricas foram fechadas e milhares de pessoas ficaram nas ruas. Os que trabalhavam na fabricação e os que viviam das indústrias paralelas. Um tempo de grande dor. Pois é, restos do Notável Congestionamento. Mas já retiraram os carros de quase todos os lugares. Foi fácil fechar as estradas. Aqui mesmo são duzentos quilômetros de congestionamento. (…) Quem ía pensar que um dia íamos sentar tranqüilos entre os carros na estrada? Estão aí mortos. Quanta lata velha. Os carros ficaram parados dois anos em frente à minha casa. (…) Buzinavam, aceleravam podia ver o ar preto. A maioria esgotou a gasolina e o álcool do tanque. Ninguém desligava o motor. Pela manhã as pessoas continuavam no carro. Como se pertencessem a ele. (…) As famílias traziam mudas de roupa, café, comida. E o desespero quando souberam que não circulariam mais? Choravam diante do automóvel, inconsoláveis, lamentando como se fosse parente morto.”
Prezado leitor. As informações acima não se referem a nenhum grave congestionamento em nossos dias. Extraí trechos do livro de Ignácio Loyola Brandão, “Não Verás País Nenhum“, escrito nos anos 80 do século passado, mais exatamente em 1982. Trata-se de uma ficção. Em um futuro imprecisamente distante, é impossível a vida na Terra mediante o contato direto com o Sol. O desequilíbrio ambiental cria uma visão apocalíptica de um mundo onde a vida só continua em baixo de lajes anti solares. A princípio o livro é apenas um primor ficcional. Mas olhando pelas janelas do meu carro, creio que Brandão foi premonitório. Estaríamos às vésperas do tal “Notável Congestionamento?” Infelizmente as desconfianças não são apenas visuais. A cidade de São Paulo registrou 293 quilômetros de congestionamento em um dia de junho deste ano. O maior da história. O maior do mundo! Segundo o professor Marcos Cintra, doutor em economia por Harvard, os congestionamentos podem custar aos cofres de um país, até R$ 26 bilhões! Atrasos, acidentes, compromissos cancelados e desgastes das frotas mais acelerados do que o normal. Paralelo aos problemas do trânsito, uma indústria automobilística cada vez mais agressiva. Baixa dos preços, multiplicidade de modelos, sofisticação sem limites e os governos “contribuindo” com a letárgica política de manutenção e ampliação da infra estrutura. Bem, só resta esperar então o “Notável Congestionamento.” Espero que quando ele acontecer, meu carro esteja pelo menos pago! :-)

Eu, 1972!

Dos melhores posts no Facebook. Esse é de 20 de agosto de 2012
"Eu também já fui aluno. Hoje, sou professor! Mas fui mais ALUNO do que PROFESSOR em toda a minha vida! A todos os meus antigos e novos professores, meu grande respeito e admiração. Sem vocês, não seria PROFESSOR! (foto: 1972!)"

domingo, 7 de julho de 2013

16 meses

Postava aqui no blog pelo menos um post a cada dois, três dias! O embalo durou até março de 2012. Vieram problemas familiares, depressão, tratamento e o desânimo. Vi a debandada de leitores para o Facebook e lá fui eu atrás. A depressão foi curada! O tratamento acabou. O ânimo voltou. Mas recriei minha própria marca no Facebook. Está na hora de voltar. Vou atualizar o blog e trazer textos do anterior, donideias009, que saiu do ar. Vou trazer para cá, o que de melhor escrevi no Facebook. Ficará aqui meu legado de escritos pós pensantes! Abraço a todos!