O texto abaixo foi originalmente publicado em meu blog editado entre 2009 e 2010. O portal IG que detém o espaço do mesmo mantém o blog indisponível para visualização. Sendo assim pretendo reeditar alguns posts que considero relevantes a esta nova proposta. O que o prezado leitor passará a ler foi ao "ar" pela primeira vez no início de junho de 2009. Boa leitura e se desejar, comente-o!
Matéria retirada da Revista da Semana, edição 87 de 14 de maio, página 28, coluna Comportamento.
Alunos não gostam da escola
A neurociência tenta explicar por que isso acontece.
“Nunca se soube tanto a respeito do funcionamento do cérebro. Diversos estudos explicam os mecanismos da memória, as diferenças de aprendizado entre meninos e meninas e como o conhecimento se consolida no inconsciente. O desafio é aplicar a neurociência na prática. Algumas pistas são dadas no livro Why Don’t Students Like School? (Por que Estudantes Não Gostam da Escola?), do psicólogo Daniel Willinghan, recém-lançado nos Estados Unidos.
“Há respostas para indagação proposta pelo título do livro”, afirma o também psicólogo Christopher Chabris no Wall Street Journal. “As escolas requerem que os alunos pensem de modo abstrato, algo que o cérebro não está programado para fazer bem ou apreciar”, explica Chabris. “Um jovem consegue se concentrar numa partida de xadrez em um parque com barulho em volta, porque tem um objetivo, mas dificilmente manterá a concentração no dever de casa.”
Nem por isso, diz o autor do livro, se deve tentar tornar toda aula divertida ou criativa. Essa afirmação leva a outra pergunta: as atividades regulares em classe funcionam? Sim, afirma Willingham. Pesquisas mostram que a prática – com apoio da repetição – consolida o conhecimento e o torna automático e capaz de ser transferido para novas situações. E qual seria o segredo para fazer com que os alunos pensem como cientistas, matemáticos e historiadores? Esse objetivo é ambicioso demais. Estudantes estão preparados para compreender o conhecimento não para criá-lo, diz.
Willingham não concorda com a teoria que defende modos diferentes de ensino para cada tipo de aluno. Ele cita um estudo em que estudantes que teoricamente aprendem melhor visualmente e outros que preferem ouvir são submetidos a lições escritas, em um caso, e a aulas faladas, em outro. Em tese cada um deveria assimilar melhor a forma de comunicação de sua predileção. Não é o que acontece. “A maior parte das disciplinas está voltada para o aprendizado do significado, e significado independe da forma”, diz. Há outras questões para serem respondidas – por exemplo, como tornar a internet uma ferramenta de conhecimento, e não um atalho para o resultado diz El País. O aprendizado está mudando, é certo – só não se sabe para onde vai.”