sábado, 3 de março de 2012

Feridas

Zeca Baleiro já citado neste blog, um compositor ímpar da nossa "pobre" MPB contemporânea, compôs e canta Minha Casa, música do seu terceiro álbum, Líricas. Veja que belo!
É mais fácil cultuar os mortos que os vivos,
mais fácil viver de sombras do que sóis,
é mais fácil mimeografar o passado
do que imprimir o futuro,
não quero ser triste
como o poete que envelhece
lendo Maiakóvski na loja de conveniência
Assim meu consciente processou uma alternativa trilha sonora durante e ao final do Tão Forte, Tão Perto, de Stephen Daldry, em cartaz nos cinemas desde a última sexta 24 de fevereiro. Além de Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco, o filme revela Thomas Horn, no papel principal de um órfão de pai após os trágicos acontecimentos de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Os estadunidenses sempre tão aptos a resgatar fatos históricos em versões tão impactantes no cinema, parecem silenciados com relação a onda terrorista que assolou o país em 2001. Poucos filmes retomam os fatos deste dias. O filme Tão Forte, é uma adaptação a partir do livro Extremamente Alto & Incrivelmente Perto de Jonathan Safran Foer. Um garoto típico novaiorquino é dispensado das aulas numa terça feira, onde fatos horríveis assolam sua cidade. Custa para Oskar entender que seu cultuado pai é uma das vítimas que provavelmente saltou do 106° andar de uma das Torres Gêmeas em chamas. A tragédia se segue nos anos posteriores com as dores típicas da ausência, das culpas pelo não vivido e uma misteriosa chave que deve conter um dos segredos paternos cravados na própria cidade. Um filme triste e intimista. O garoto parece vítima de inúmeros transtornos mentais e emocionais. Acelerado, incontido e triste, "rasga" a cidade e os sobreviventes em busca da solução do mistério da chave. No fim, percebemos que o 11 de setembro é um pano de fundo. Não são necessárias grandes explicações e muitas imagens. Este triste dia parece gravado em nosso inconsciente e as tais feridas vão além da tela do cinema.


domingo, 26 de fevereiro de 2012

Se algo pode, então vai dar mer....

Uma das maiores peculiaridades da rápida evolução do homem no planeta, foi sua capacidade de adaptação a praticamente todos os ambientes que lhe foram oferecidos pela Mãe Natureza. Os que não foram, o homem se encarregou de criar por conta fazendo uso e abuso de outra peculiaridade humana, a sapiência (inteligência). Voar a alturas inimagináveis sem asas, submergir as maiores profundidades sem pulmões preparados, correr além dos limites do próprio físico, enfim o homem coleciona barreiras naturais derrubadas pela força mental. Agora é óbvio que uma vez não natural, é esperado que em algum momento as coisas talvez não deem tão certo como se imaginou em qualquer planilha técnica. Se até os pássaros de vez em quando tem lá suas quedas, o que imaginar do homem sem asas? Se até os peixes e todas as outras formas de vida marinha de vez em quando tem lá suas limitações e falhas naturais, quanto mais o homem, que apesar de originário também da água se adaptou mais na superfície? Só desta forma consigo entender a tragédia do último dia 24 no parque Hopi Hari. Pior do que a vítima cair dos 30 metros  foi o fato de ser "arremessada" desta altura o que talvez tenha dado um impacto três vezes maior do que o natural. Confesso que nunca simpatizei com esses brinquedos radicais em parques de diversão. E por ser hipertenso, passo até longe deles! Creio que desde que os conheço, o número de acidentes até que foi pequeno mediante o perigo que representa. Não se trata aqui de discutir um eventual mal funcionamento ou falha humana. Penso  na própria ousadia do homem em desejar superar o que naturalmente jamais o faria, estar a causa real de todas as tragédias conhecidas. Se pode acontecer, vai acontecer! . Sei que esse "filosofar" é inútil diante de uma vida tragicamente perdida. Mas que cada um de nós reflita sobre esse "aviso!" 

Dama da História

Às vésperas da Revolução Cubana (1959), o então comandante Fidel Castro, após frustradas tentativas de derrubar o então presidente Fulgêncio Batista, foi preso e em seu julgamento, advogando em causa própria, proferiu um dos mais conhecidos bordões da política contemporânea; "a História me absolverá..." A lembrança foi mais do que presente quando as luzes do cinema se acenderam com o "the end" do belo Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011, direção Phyillida Lloyd). Alternando as crises de alucinações, solidão e todos os limites que a idade e a aposentadoria trazem com o vigor idealista e político de Margareth Thatcher, o filme é uma excelente aula de História para as novas gerações que desejam entender as crises econômicas atuais na Europa. Numa Inglaterra conservadora, Thatcher chega ao poder máximo derrubando desde o machismo secular do poder inglês até as ultra potências de esquerda então nos anos 80 postados no Trabalhismo britânico. A Dama de Ferro, assim "titulada" pelos soviéticos foi para a guerra, literalmente contra os gastos excessivos do estado, contra os aventureiros argentinos nas Malvinas e até no seu alinhamento com os Estados Unidos, então comandando pelo não menos polêmico Ronald Reagan. Atento aos diálogos percebe-se ao discurso premonitório da quebra da Grécia e na falência do estado de bem estar social europeu. Há falas do tipo "tudo deve ser pago, nada de graça, se não as pessoas não dão valor..." Sua queda após dez anos de poder (1979 - 1990), começou na resistência com o que hoje cada europeu tem pesadelos, a própria União Européia. De fato, a História deu razão a Margareh Thatcher. Agora, a interpretação de Meryl Streep é um capítulo à parte dentro de outra História, a do cinema.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

"Chutou a cara do cara...'

Concluir a leitura das quase 700 páginas da biografia do Lobão é ter a certeza que o título faz jus a tamanha aventura! "50 Anos a Mil", é a autobiografia de João Luiz Woerdenbag, ou simplesmente Lobão que tem ainda a participação precisa de Claudio Tognolli, um dos mais competentes jornalista investigativos do Brasil atual. Lobão faz parte de um grupo seleto de artistas brasileiros com um potencial a mais. Potencial de pensar e defender suas ideias independentes de qualquer crítica. A saga biográfica descrita por Lobão, contida no livro passa por todas as fases dos cinqüenta anos da vida do cantor. Da infância quase tranquila em um Rio de Janeiro irreconhecível dos anos 50 e 60 passando pela entrada no mundo da música e todas as aventuras e desventuras oriundas deste movimento. Cite-se aí, o envolvimento com as drogas, as prisões, o auge com Vida Bandida, suas "rusgas" com Herbert Vianna, Caetano Veloso, com os fãs do Sepultura e até combates mais vultuosos como o que teve com a ditadura e a indústria fonográfica. As incríveis e impensáveis parcerias com Nelson Gonçalves, Elza Soares, Paulinho da Viola e a escola de samba Mangueira. As ousadas descrições no livro de tais passagens fazem o leitor saltar de uma sensação de dúvida ("como o cara teve coragem?") até concluir que entre tantos fatos absurdos que o "cara tinha razão!" A maturidade dos 50 anos de vida permitiu a Lobão a visão panorâmica de retrospecto que mescla-se com momentos diferentes e díspares da história cultural do país. Evitando qualquer rótulo ao longo da carreira, o ora classificado roqueiro, por outras poeta, Lobão (aliás, rótulos todos rejeitados pelo artista que reconhece-se apenas como um cantor e compositor de MPB) é um símbolo do movimento cultural popular pensante. "Escola" de onde vieram Renato Russo, Cazuza, Júlio Barroso, Falcão (Rappa), Nasi (ex-IRA) enfim geração esta que pude conhecer, ouvir e entender. A biografia de Lobão é um tratado sobre essa realidade de outros tempos e que "pega" nos dias atuais, onde a força do pensamento da elite cultural em destaque não serve para absolutamente nada!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Ai se eu te pego" (versão para não acéfalos)

Não me venham dizer que o hit Ai se eu te pego, por ser um fenômeno nascido na internet e alastrado nos "bailões", "rodeios", shows e apresentações do senhor Michel Teló, deverá ser engolido por todo mundo em razão deste sucesso. Que trata-se de música "jovem" e que eu como "todos os outros véio (sic!)", não gosta desta música porque odeia tudo que "faz sucesso!" E trata-se de uma unanimidade por ter extrapolado as fronteiras do país. E por compor um grupo de música popular brasileira contemporânea que toca nas rádios ao custo de muito "jabá" apesar do pouco ou nenhum conteúdo. Basta meia dúzia de rimas pobres, muita repetição e acordes limitados que produzem sons que ao adentrar nos ouvidos martela o cérebro e fazem com que não esqueçamos mais delas! Músicas sem propostas, artistas pífios, ilustres desconhecidos que do dia para a noite encostam nos recursos das redes sociais e se alastram no meio jovem. Essa turminha que não avança nos estudos e empaca no Ensino Médio. E quando vai para o Superior, não aguentando o tranco, sai pela porta mais próxima.  Zeca Baleiro, gravou uma música de ritmo também empolgante, mas com letra e rima muito superiores ao tratado de "nada com coisa alguma" do Teló! Bola Dividida, originalmente foi composta por Luiz Ayrão, sambista conhecido e de sucessos memoráveis dos anos 70 e 80. Baleiro gravou-a em  2008 e vale a pena ser conferido! Ouça a música. Veja no Youtube o clipe!

Bola Dividida
Será que essa gente percebeu que essa morena desse amigo meu 
Tá me dando bola tão descontraída 
Só que eu não vou em bola dividida 
Pois se eu ganho a moça eu tenho o meu castigo 
Se ela faz com ele vai fazer comigo 
Se eu ganho a moça eu tenho o meu castigo 
Se ela faz com ele vai fazer comigo 
E vai fazer comigo exatamente igual 
Ela é uma morena sensacional 
Digna de um crime passional 
E eu não quero ser manchete de jornal 
Será que essa gente percebeu que essa morena desse amigo meu 
Tá me dando bola tão descontraída 
Só que eu não quero que essa gente diga 
Esse camarada se androginou 
A moça deu bola a ele e ele nem ligou 
Esse camarada se androginou 
A moça deu bola a ele e ele nem ligou
Letra: Luiz Ayrão 
Intérprete: Zeca Baleiro
Álbum: O Coração do Homem Bomba volume 1 (2008)
http://toptvz.com.br/zeca-baleiro/bola-dividida

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O velho "tudo novo!"

Parece que há um cromossomo masculino ligado ao prazer que temos em gostar, adorar e nos fixarmos em tudo que diz respeito a carros. A sociedade sexista nos fez brincar de "carrinhos" quando éramos crianças. Veio a adolescência e as coleções de carrinhos de ferro (já foi Matchbox, hoje Hot Wheels), até que na juventude a gente sonha com um carro de verdade! Eu quando garoto fui mais longe. Comprava cadernos para colar fotos de carros, recortadas de jornais velhos e revistas especializadas em tudo que se ligava ao automobilismo (Quatro Rodas, Auto Esporte). E veio a idade a adulta e nossa grande paixão pelas corridas de Fórmula 1. Imagine meu querido leitor que me lembro do auge de Nelson Piquet, do sucesso de Emerson Fittipaldi na Fórmula Indy e a explosão de Aírton Senna na Fórmula 1. Confesso que a onda "baba ovo" criada em torno deste piloto, com as choradeiras intermináveis do Galvão Bueno nas transmissões e o excesso de exposição da vida pessoal de Senna (namoro com a Xuxa), me fizeram não acompanhar mais com tanta fidelidade toda a cobertura das corridas. Sua morte em 1994, me trouxe de volta. Eu acreditava que a ida para o além de um ídolo tivesse aberto espaço para o nascimento de um novo super piloto. Sim eles surgiram, mas não nasceram no Brasil. O pós Senna, foram tempos de Barrichello (sem comentários) de Felipe Massa ("cagão" - me perdoem o termo chulo, não encontrei outro adjetivo) e demais meros coadjuvantes que só pilotaram porque levaram dinheiro para que algumas equipes pudessem movimentar verdadeiras "carroças" para competir com gigantes como Mclaren e Ferrari. Você deve lembrar -se de João Paulo Diniz, filho do Abílio Diniz. Bom, estamos em início de ano e nos noticiários esportivos, são diárias as apresentações dos "novos" bólidos que irão disputar as provas. A Fórmula 1 há anos é uma tremenda farsa, no meu ponto de vista. Corridas chatas, pilotos bundões, sem personalidade para contestar o "status quo" do esporte como mera propaganda. E pra ser sincero esses "novos" carros para a nova temporada, são os mesmos dos anos anteriores com um "puxadinho" aqui e um "remendinho" aqui. De "novo" mesmo não há nada! Até as pinturas são as mesmas de décadas! Em meu blog anterior tinha uma coluna chamada síndrome de Reginaldo Leme, onde me aventurava a comentar as corridas de 2009. Pode-se ver que talvez não entenda muita coisa, mas não sou o único que vem questionando o esporte, por mais que goste de carros. Em breve a Globo vai transmitir essas corridas em vídeo tape depois destas porcarias dominicais como Faustão e BBB, tamanha é a queda de audiência das corridas.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Estado policial

O direito "sagrado" de qualquer classe de trabalhadores para um movimento grevista é horizontalizado. Nenhum grupo pode ser privado de tal direito. Em se tratando de Brasil, setores essenciais como Saúde, Educação e Segurança, possuem os piores salários do mundo, portanto passíveis de greve. As perdas e desvalorizações de tais carreiras são históricas. Os acertos hoje dos níveis salariais de tais categorias, mostram-se quase "impossíveis" diante de alguns consensos sociais que determinados setores, que não estes, podem ganhar fortunas e nada se faz, além de uma "grita" quase inútil de certos setores da mídia e alguns apresentadores de determinados programas policiais. Como se sabe, o mais recente episódio desta falácia nacional, está ocorrendo no Estado da Bahia. Mediante um salário pífio de R$ 1.900,00 para soldados e pouco mais de R$ 2.300,00 para cabos e sargentos, há quem diga que "os salários não estão tão ruins assim..." A "bobagem comparativa" se deve ao fato do desconhecimento que a população brasileira tem hoje do que é enfrentar diariamente uma luta pela sobrevivência no "ambiente de trabalho." Sendo professor, sou também testemunha do quanto o tal "povo brasileiro" tem castigado a classe docente. Pelo desvario hipócrita de acharem que somo meros serviçais das sanhas adolescentes. Agora que me digam o sofrimento de enfrentar tal povo nas ruas. Com a polícia de braços cruzados, o tal povo deu a resposta. Não na sua totalidade. Rompendo com todas as premissas do Estado de Direito, a resposta à greve foi uma explosão de violência. Bandidos, vagabundos, párias sociais ampliaram seu poder para o crime na medida em que as forças policiais se encastelaram em seus quartéis. A PM como a entendemos hoje é uma herança histórica dos tempos de regime militar (1964 - 1984). Tal setor da segurança teve seus raios de ação ampliados como sustentação de governos autoritários. Na medida em que a democracia voltou, as PM de todo o pais, ainda procuram reconhecimento e um novo espaço na estrutura do Estado. Passou a ser força essencial na segurança pública. Ruim com ela, pior sem ela. A violência social brasileira é histórica como sabemos. As forças de segurança atenuaram, mas jamais conseguiram deter o crime que se metamorfeseia nas mais diversas faces. Na Bahia neste momento, se há um avanço do mundo do crime, a "malandragem do povo brasileiro", o "tal jeitinho" mostrou sua cara. Vandalismo e saques em supermercados vão além do poderio de contenção da PM. Trata-se de um perfil cultural brasileiro. Horrível, patético, ridículo e imoral. A Justiça brasileira precisa urgentemente ganhar estatura e amedrontar o cidadão pelo rigor do cumprimento da Lei e pelo sufocamento da impunidade em qualquer estância!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Efeito nada.

Quando assisti pela primeira vez alguns episódios do desenho animado, As Aventuras de Tim Tim na TV Cultura já bem adulto, ficava a me perguntar mesmo gostando das intermináveis viagens do jovem repórter. Tim Tim teria quantos anos? Quem são seus pais? Se ele é tão jovem cadê a namorada? Milu é mesmo um cão? Seria um alter ego ou um tipo de Haroldo do imaginário do Kevin? Porque o capitão Haddock é tão afetado? Um "mala" que fala berrando e berra gritando. Seria falta de uma senhora Haddock após tanto tempo no mar? Se Duppond e Duppont são tão atrapalhados, como eles podem ser designados para as investigações mais importantes onde Tim Tim que é "apenas" um repórter, parece um agente da CIA ou do FBI? Enfim, apesar de tantas questões não resolvidas assisti vários episódios pela perspicácia das tramas e por um item que muito se assemelha a franquia do 007. O cenário dos roteiros transcende os continentes. Às vezes no espaço, às vezes no mais profundo dos oceanos. Procurar uma sala de cinema neste início de ano para ver essa superprodução assinada por Steven Spielberg e Peter Jackson, obedeceu a dois critérios. O currículo destes dois nomes tem tanto comprometimento com o cinema quanto o próprio cinema. E também porque achava que minhas dúvidas seriam dissolvidas. Ledo engano. Apesar dos cuidados com os efeitos especiais, a captura de movimentos humanos adaptados para os quadrinhos em ação e todas as aventuras possíveis,  Tim Tim é apenas uma esquecível "Sessão da Tarde." Esperar um filme de ação tão dramático quanto ET ou algum episódio da franquia do O Senhor dos Anéis é perda de tempo. O Tim Tim dos cinemas em 2012 é apenas a fusão de três episódios ou originalmente três livros em quadrinhos. Episódios 9, 11 e 12. O Caranguejo das Pinças de Ouro, O Segredo do Licorne e O Tesouro de Rackhan o Terrível. Surgido em 1929 na Bélgica, Tim Tim é uma das mais famosas histórias em quadrinhos do último século. Seu autor Georges Prosper Remi ou simplesmente Hergé, talvez não tivesse imaginado a extensão do sucesso de sua obra. Poderia ter ido além das 24 histórias que escreveu e desenhou. Mas creio ser um produção datada, mesmo para nós brasileiros que só viemos a conhece-lo muitos anos mais tarde pela TV. Ao sair do cinema continuei com todas as dúvidas expressadas no início deste post. E uma certeza. As novas gerações não vão se encantar com Tim Tim. A fraca bilheteria é prova disso. Próximo!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Um é pouco, dois é bom...

Entre abril de 2009 e agosto de 2010, mantive outro blog postado no portal IG. Convido a todos, "velhos" e novos leitores e fazerem uma visitinha neste endereço também. Basta clicar no link após a propaganda a seguir. Não havendo acesso dê F5.

Donideias09

Insights sobre temas diversos. Dicas de reportagens, livros, filmes, curtas e artigos da Web. Intercâmbio cultural. Encontro com amigos para troca de idéias. Espaço para o debate.








segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Costa Concórdia e o primeiro mês do ano do fim do mundo

2012, segundo a "lenda" Maia marca o fim do mundo! Janeiro já foi. Dentre os fatos que fazem parte das retrospectivas televisivas que, provavelmente vão ao ar antes de 21 de dezembro podemos destacar: Chuvas e mais chuvas; Enchentes, desbarrancamentos, desabrigados e desvios de verbas para as reconstruções anunciadas; Mortos e mais mortos no trânsito; A tragédia no Rio. Nosso "Word Trade Center!"; A Luísa que finalmente voltou do Canadá e por aí vai! Destaque para nossa querida roqueira Rita Lee que resolveu enfrentar a polícia em Sergipe! Que delícia! Seu discurso provou que há sim vida inteligente no mundo artístico e que se manifesta! Mas o naufrágio do Costa Concórdia na Itália foi o hit de janeiro. Entra para a galeria das "grande cacas" da humanidade e com louvores mil! Sei que o assunto está superado, mas fui resgatar do site da CBN esse belo editorial sobre o assunto transmitido no dia 20, novamente por Arnaldo Jabor. Ele prova que atrás da apavorante tragédia, aspectos contemporâneos da humanidade submergem mediante um passado tão dolorido e marcante que emerge das águas onde afundaram o Titanic em 1912. 

Amigos ouvintes, qual é a relação entre o terrível naufrágio do Titanic em 1912 e o afundamento do Costa Concórdia outro dia na Itália? O Titanic foi construído para ser o maior navio de todos os tempos, levava mais de 2.500 passageiros a bordo e bateu num iceberg que navegava na noite sem lua pelo oceano. Morreram mais de 1.500 pessoas nas águas geladas do mar. Podemos dizer que o Titanic nafragou por arrogância. Pelo desejo de se construir um nave além do tempo que corria ainda com vapor sem radar com precários instrumentos de rádio. A morte do Titanic foi por um pecado, vamos dizer de vaidade e voracidade. O grande susto da humanidade foi ver que os planos humanos são detidos pelo acaso, pelo imprevisível que humilhou a certeza industrial e comercial da época. Já o naufrágio do Costa Concórdia foi resultado de uma grande irresponsabilidade humana. O comandante do navio Schettino, que fugiu do navio, tinha resolvido homenagear um amigo garçom que morava ali perto da costa e desviou o curso. Aliás ele estava jantando com uma tremenda louraça 40 minutos antes da manobra suicida. Além disso vamos combinar que, aquilo não era um navio de transporte, era uma grande banheira cheia de deslumbrados de classe média que vão passear num grande edifício flutuante de 13 andares cheios de todas as diversões do consumo e todas as idéias de prazer que vemos hoje em dia. É um delírio de consumo. Eu, aliás, jamais entraria naquilo porque sem mesmo afundar deve ser um inferno careta. Mas tudo bem, tem gente que gosta! Enquanto o Titanic foi um ensinamento contra a soberba e presunção, esse foi uma lição contra a babaquice e a ligeireza dos costumes de hoje. Outra coisa que marcou a semana foi o intenso diálogo entre o capitão fujão e o comandante da Capitania dos Portos que deu-lhe um esporro extraordinário que foi na base do “Vade a bordo, cazzo!” A Itália toda está vibrando com esse diálogo. Parece um Berlusconi sendo esculachado por um italiano macho e sério. Vem a calhar nesse momento de humilhação da Itália, com a crise econômica barra pesada. Está servindo também para ceder o orgulho dos italianos em seu drama atual e reagir. Aliás nesse diálogo parecia que o comandante da capitania falava do passado e o capitão fujão respondia no presente. O capitão nem entendia direito as ordens heróicas do comandante, ele dizia que o capitão não pode abandonar o navio e o cara respondia como um desses desossados de hoje em dia. O comandante em terra berrava em lições mínimas de um profissional e quem respondia era um idiota dirigindo um parque de diversões pelo mar, nesses tempos de diversão compulsiva e consumismo delirante. Foi um show de seriedade tão esquecida num mundo atual. Aliás estamos precisando de vozes que defendam uma dignidade perdida tanto lá como aqui.” 


sábado, 28 de janeiro de 2012

Tim

Um dos mais pujantes setores do mercado editorial brasileiro, está no filão biográfico de grandes nomes da música. Não faltam exemplos. Nossos principais artistas do cenário musical nacional já foram biografados. Neste janeiro de muita chuva estou empolgadíssimo com a do Lobão. Uma autobiografia co-escrita com o excelente jornalista investigativo, já muito citado neste blog, Claudio Tognolli (veja blog!). Em 2007 a Editora Objetiva lançou Vale Tudo Tim Maia. A biografia do nosso soul man escrita de forma brilhante por Nelson Motta. Confesso que mesmo já conhecendo Tim Maia de outras épocas, suas músicas e polêmicas não contive uma certa emoção ao tomar conhecimento dos bastidores de toda aquela vida agitada. Ou como Nelson Motta tão brilhantemente observou; "Autodefinido "preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares", o tijucano Tim Maia integrou o funk e o soul aos ritmos brasileiros, criou um estilo único e exuberante e se tornou um dos artistas mais queridos do público, da crítica e principalmente de outros artistas de diversos gêneros e gerações. (...) Como raros artistas brasileiros, Tim sempre fez apenas o que queria, com quem e quando queria, do jeito que queria. E pagou o preço da sua liberdade e independência  com inúmeras brigas e processos judiciais com gravadoras e empresários, se tornando um dos primeiros músicos brasileiros a ter sua própria gravadora e controle total de sua carreira."
E O LIVRO ESTÁ SENDO ROTEIRIZADO PARA O CINEMA!
E eis que a biografia de Tim vai para as telas do cinema agora em 2012. Vários portais indicam Mauro Lima (Meu Nome não é Johnny) na direção e Alice Braga no elenco além de vários "globais" como Babu Santana (várias novelas) e Robson Nunes (Malhação). O roteiro está sendo co-escrito com Antônia Pellegrino (a mesma roteirista de Bruna Surfistinha). Creio que dentro do ótimo momento em que vive o cinema nacional com filmes excelentes (você foi ver O Palhaço do Selton Mello?), a vida de Tim Maia nas telas promete! Vamos aguardar. Mas enquanto isso, vale a pena você correr na livraria mais próxima e comprar o livro. É emoção garantida! Tim Maia foi um artista que transcendeu com sua vida a magia da música. Movimento que raros artistas conseguiram ou conseguirão fazer. Bastar ver essa molecada atual metida a artista. Bundões sem qualquer ousadia ou posição política. Descerebrados, apáticos e patéticos. "Sertanejos universitários" por exemplo que "nunca se formam!"

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

"O mal que o Lula deixou."

Arnaldo Jabor, dispensa apresentação de currículo. Toda terça pela manhã, ele mantém um editorial sonoro via rádio pela CBN. Por sorte nossa, suas idéias ficam arquivadas. A fala do último dia 24 foi uma "porrada" no estômago destes aparentes "bons tempos" de prosperidade econômica e gastança. Jabor, pelo viés das relações internacionais detona Lula, Dilma & Cia. Fiz questão de ouvir dezenas de vezes o comentário, digitando-o e agora transcrevendo aos queridos leitores.

Amigos ouvintes, você se lembram daquela muluer Sakineh Mohammadi Ashtiani que estava condenada à morte por apedrejamento no Irã porque amou outro homem depois que o marido morreu? Pois é! Pode ser que ela morra agora brevemente por enforcamento. Agora que os canalhas do Irã deixaram o tempo passar para o esquecimento das pessoas civilizadas no mundo todo. A técnica destes bárbaros é sempre igual. Destruir os opositores. Matar e prender dentro do Irã. Construir rapidamente a bomba atômica enganando a Agência Internacional de Energia, enrolando todos os países que querem embargar esse perigo de guerra no Oriente Médio. Enrolar. Demorar. Mentir. Ganhar tempo. É assim que esses os fanáticos persas trabalham, sob as ordens de velhos aiatolás e embaixo garantidos pelo exército de fanáticos da guarda revolucionária. Durante o governo Lula foi ignorado todo esse horror e Lula apoiou essa ditadura teocrática em nome de um vago terceiro mundismo mal criado contra a Europa e os Estados Unidos. Tudo isso para se afirmar, aconselhado por burríssimos e fanáticos diplomatas e petistas metidos a estrategistas. Lula, oportunistamente apoiou mal e queimou o seu filme internacionalmente. Ele que era o Lulu querido, o mascotinho operário dos líderes europeus. Agora estamos vendo o mal que ele nos deixou. Nas contas públicas enfiou mais de 22 mil cargos de confiança ganhando todo mundo cerca de vinte mil paus por mês. E obriga Dilma a perder tempo de governo expulsando ladrões dos ministérios vendidos aos aliados. Isso. E na política internacional deixou esse vexame de apoio ao Irã que Dilma dignamente como uma mulher civilizada teve a coragem de condenar. Agora os líderes do Irã estão condenando a nossa presidente. Dizendo que “ela estragou tudo que o Lula tinha feito, destruindo anos de bom relacionamento.” E para se vingar, eles estão cortando exportações brasileiras lá no Irã. E sabe quem insultou a presidente Dilma com essas frases? O cara que esteve aqui a convite dos consultores internacionais que Lula obrigou Dilma a herdar.  Um sujeito chamado Ali Akbar Javanfek, porta voz de “Ahmadina” (Ahmadinejad). Chefe da agência de notícias iranianas, IRNA. Esse cara veio aqui ao Brasil e para desqualificar a posição de Dilma contra a execução por apedrejamento e outras selvagerias disse que aqui dentro do Brasil havia pelo menos dezenas de mulheres condenadas nas prisões na mesma situação que Sakineh, lembram?  Também lembrem amigos das tantas tragédias e horrores que não sabemos mais o que manter na memória. “Lula está fazendo muita falta,” disse esse iraniano nazistinha. É a mesma coisa que pensam muitos ladrões aliados, muitos políticos daqui que morrem de saudades dos bons tempos do toma lá dá cá do Lulão. Mesmo assim, mesmo desejando mostrar sua independência pessoal e ideológica em relação ao governo anterior, a Dilma ainda está aprisionada na mente do Lula. Dilma vai a Cuba, onde acaba de morrer mais um dissidente dos fascistas, disfarçados de amantes do povo. E não vai poder nem criticar o totalitarismo dos filhos de Fidel, por quê? Por que Dilma resolveu ir a Cuba, pousar com Fidel Castro, velhinho de abrigo Adidas, por quê? Resposta. Para não fugir da agenda do lulo-petismo que continua nos assolando. Que pena! Um país com tudo para crescer, nas mãos dessa gente que só nos cria obstáculos com mesquinharias.”

24/janeiro/2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ecotários

Ecologistas, ecochatos, ambientalistas, militantes do setor em geral, Greenpeace e demais parcelas da população "muito preocupada" com o incansável processo de poluição do planeta, hoje 25 de janeiro em São Paulo, "brindam" o fim da participação das sacolas plásticas nos supermercados. E com razão. Basta uma boa navegada aqui na web e você encontra, absurdos sem fim:
1 - O Programa Ambiental da ONU, soltou um documento em 2009 apontando que 80% das toneladas de lixo nos oceanos e constituída de plástico;
2 - Diversos organismos internacionais que pesquisam sobre o lixo nos oceanos apontam que pelo menos 1/4 deles está poluído. E o que mais se encontram são resíduos plásticos. A tal sacolinha plástica é o que mais aparece no pedaço!;
3 - O Brasil, produzia até 2010, 15 bilhões de sacolas plásticas. Mesmo em países onde a proibição já tinha décadas, pelo menos 4 bilhões de sacolas eram produzidas;
4 - De todo o lixo produzido no país, de 10 a 15%, é constituído de sacolas plásticas.
Não há como negar então que estas malditas sacolas são uma verdadeira "praga" no meio ambiente. Sendo assim, os governos estaduais e municipais de vários estados brasileiros junto com o setor do comércio de supermercados vem fazendo acordos que resultam na eliminação das sacolas. Pois bem, elas eram levadas pelo consumidor a cada compra. Mas não eram grátis. Sabe-se que o custo sempre foi repassado ao consumidor. O comerciante vai economizar uma grana considerável, desobrigando-se a oferecer ao cliente que se quiser sacola, agora paga por uma biodegradável. Outra coisa! Os supermercados se desobrigam, mas e outros segmentos do comércio? Procurei um estudo consistente que mostrasse o impacto da medida no meio ambiente. Não há! Supõe-se que diminuindo a distribuição nos supermercados, haverá retrocesso na poluição. Balela! O jornal Correio Popular de hoje, trás uma excelente matéria sobre o tema. Nela, lê-se que "a economia dos supermercados no corte do fornecimento das sacolas será de 190 milhões de Reais." A campanha é uma iniciativa da Associação Paulista de Supermercados e conta com apoio governamental. Ah! Os consumidores! Não ganharão nada com isso. No máximo deverão habituar-se a fazer o que faço a muitos anos. Meu sacolão de lona vermelho cumpre e bem a função de transportar minhas comprinhas. Nunca tive descontos nas compras e agora terei? Sou a favor da eliminação das sacolas. Mas convenhamos que tudo isso não é "grande coisa." São necessárias outras medidas, porque por enquanto pela propaganda feita, criou-se apenas um novo segmento na população. O dos ecotários!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Take all Me


Quem viveu intensamente os anos 80 deve lembrar-se das diversas ondas musicais que "assolavam" as FMs da época e a MTV em seu momento áureo. Tempos de Duran Duran, Erasure, New Order, Billy Idol, Dire Straits e tantos outros nomes da galeria de pop rocks stars multicoloridos e de cabelos para lá de armados. Essas bandas e artistas faziam o som das festas New Wave da época! Um ícone do período sem dúvida nenhuma foram os garotos noruegueses do A Ha! O clipe Take All Me, fez história pela ousadia gráfica em tempos de poucos recursos para elaborações mais sofisticadas. Imagens que ousassem ultrapassar a linha divisória dos tantos clipes "chatos" que davam ênfase ao artista e pouco (ou nada) ao contexto da letra. A música em questão é um pop dançante quase infantil, mas o clipe entra para a história como um dos mais criativos que se tem notícia! Em 2011, a música completou 30 anos e o portal da revista Time produziu o seguinte texto: 

  Os 30 melhores vídeos musicais de todos os tempos.

"Trinta anos atrás, em 1° de agosto de 1981, a MTV começou a transmitir um forma 
de arte nascente - o vídeo da música - nos EUA há um olhar para o passado, para os clipes 
mais memoráveis das três últimas décadas na televisão.O diretor Steve Barron assumiu a 
banda norueguesa a-Ha do hit "Take On Me", ele já tinha sido responsável por helming o 
icônico "Billie Jean" de Michael Jackson e "Money for Nothing" de Dire Straits. Mas 
este, sem dúvida representa seu auge - especialmente quando você ter em mente que 
ele iria passar a dirigir o longa-metragem Teenage Mutant Ninja Turtles . Notável para 
o uso da combinação de lápis de esboço de animação e ação ao vivo chamado 
rotoscopia (imagens reais em que é traçado mais), "Take On Me" não foi apenas inovador,
 mas realmente desesperador. A jovem mulher lendo um livro em quadrinhos em um café 
(que era realmente levar a namorada cantor Morten Harket, na época) fica 
literalmente arrastados para uma perigosa corrida de motos e se torna parte da história. 
Mais de 25 anos, mantém-se tão emocionante como sempre para assistir. E a música 
não é gasto, se você não está muito distraído com as maçãs do rosto famoso Harket
para realmente ouvir."



CONFIRA O CLIPE!


Fonte: Youtube


domingo, 22 de janeiro de 2012

Capa

Excelente a matéria de capa da revista IstoÉ, edição n° 2202 (26/01/2012) tratando do naufrágio do Costa Concórdia em 13/01 na Itália. Sob título "Falha Humana", a reportagem assinada por Paula Rocha e Flávio Costa, faz um profundo levantamento sobre a tragédia da imensa embarcação no contexto das falhas humanas sempre presentes nos principais acidentes com navios e aviões. Havíamos tratado um pouco do tema no post anterior. Segundo a matéria da IstoÉ, apesar de toda tecnologia presente nos meios de transportes de massa, estamos reféns do erro humano quando esse ocorre! Estudos feitos nos EUA, revelam que 80% dos incidentes envolvendo navios, são ocasionados por falhas humanas. Nas tragédias aéreas 56%! Irônicas tais informações se levarmos em conta que os aviões e navios são os meios de transportes mais seguros já inventados pelo homem!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"Vada a bordo cazzo!"

fonte: blogs.estadao.com.br/diogosalles17janeiro2012



Naufrágio na Itália. Navio ultra luxuoso com quatro mil a bordo. Uma cidade flutuante, com quatro grandes piscinas, um centro aquático, dois mega auditórios para duas mil pessoas, cinco restaurantes enfim o supra sumo do luxo turístico! Mas o capitão... Que coisa heim!? O capitão do navio, Franceso Schettino autorizou uma manobra arriscada, não autorizada e trágica para "homenagear" amigos! E deu no que deu. E pior! Abandonou o navio enquanto os passageiros agoniavam por suas vidas. Já fora do navio quase tombado, levou um "pito" do comandante da  Capitania dos Portos de Livorno , Gregório de Falco; "Volta a bordo c....!!" Bairrismos à parte, esse conjunto de absurdos num misto de arrogância, covardia e irresponsabilidade deram o tom ao fato que comprova que a execução de bobagens de grande repercussão não é monopólio latino americano. Brasileiros no caso, volta e meia criticados inclusive pelos europeus que historicamente sempre nos trataram com desdém! Lembrem-se de Jean Charles assassinado na Inglaterra por "engano" pela própria polícia. De brasileiros turistas ou não humilhados e destratados nos aeroportos espanhóis entre outros tantos fatos! Schettino justificou ao comandante Falco,  que "Mas se dá conta que aqui está tudo escuto e não vemos nada?" Irado, o comandante pelo rádio "detona" o capitão "covardão!" "Vada a bordo cazzo!" A frase hoje é tema de camisetas na Itália. A tragédia gerou 11 mortos, duas dezenas de desaparecidos, um prejuízo incalculável e a prova  de que errar é humano, mas independe de nacionalidade ou cultura. O comandante Gregorio de Falco é um herói nacional hoje na Itália. Sua resposta indignada ao capitão do navio, resgatou outros itens essenciais a nossa humanidade. Indignação e solidariedade.

Bem feito!

Este simplório blog não foi pensado para reproduzir notícias em detalhes. Objetivamos trocar idéias, provocar debates e criar alguma polêmica com nossos atentos leitores. Há anos (exatamente doze!) ouço por aí sobre a inutilidade do reality show da Rede Globo. Da baixaria, das cenas exageradas de nudez e provocação sexual. Há anos ouço também sobre a precariedade intelectual dos participantes. Da pouca ou quase nenhuma cultura letrada dos moçoilos e moçoilas previamente selecionados para se tornarem celebridades instantâneas.. Entre fortões e gostosas, óbvio todos muito "bonitos" (modelos, né?) e para variar um ou outro personagem fora dos padrões para disfarçar. Mas há anos que vejo também a altíssima audiência que essa "coisa" dá! Nenhuma análise sociológica dá conta ano a ano de interpretar essa infindável ânsia de bisbilhotar a vida alheia pela tv, mesmo que ela descaradamente dê mostras de autêntica farsa, manipulação e dirigismo. E eis que neste janeiro de 2012, a Globo experimenta do próprio veneno. O suposto estupro de uma das "participantes" mostrado supostamente ao vivo, rendeu assunto para as mídias sociais na Web. Foi a vitória final da internet! Eis o autêntico realismo social. E rendeu o que rendeu! Bem feito! Bem feito pra todo mundo! A Globo já não dá conta da própria manipulação. Alguém um dia abre a boca. Por exemplo, o meninão expulso do programa, por mais que tenha contrato para não revelar se estuprou ou não a "participante", um dia abre a boca! Daí tudo ficará mais claro ainda! Essas drogas televisivas ocupam um grande vazio deixado pelo estado lastimável de nossas escolas. Da nossa Educação brasileira que sucumbe a cada dia neste mar de imbecilidade. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Clark

Em tempos de férias escolares, rever alguns clássicos das comédias é um ótimo e barato programa! A série de quatro longas, Férias Frustradas, estreladas por Chevy Chase e Bervely D'Angelo, são filmes inteligentes  e garantia de muita gargalhada! A origem da série está nos anos 80. Começa com Férias Frustradas em 1983. Férias Frustradas na Europa é de 1985. A seqüência e o melhor de todos é o Férias Frustradas de Natal de 1989. A série original termina em 1997 com Férias Frustradas em Las Vegas. Em todas, a família Griswold planeja o melhor para suas férias, mas algo sempre dá errado, principalmente tendo as trapalhadas de Clark Griswold que na melhor de todas as intenções de um preocupado chefe de família acaba cometendo os mais incríveis absurdos. E inclua-se os parentes dos Griswold, entre eles a família do primo Eddie. Todos os filmes reúnem situações tipicamente familiares. As férias e as viagens são panos de fundo para a discussão de temas contemporâneos e relevantes. A infância, a transição para a adolescência, as relações entre casais e todas as crises que podem advir nas mais variadas formas possíveis nos relacionamentos familiares. Vendo e revendo todos os filmes, algo legal fica no "ar", apesar de tudo e de todos, a família Griswold se mantém unida e Clark é um grande sujeito com um coração que todo pai que ama os seus poderia ter! As férias (as nossas) estão quase no fim, mas ainda dá tempo de locar ou fazer um download de algum destes filmes da série! Boa diversão. Se ver algum e quiser comentar aqui no blog, seus comentários serão bem vindos!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sofrimento pela TV cria ( e mata) novos pop stars

Todos devem se lembar do dramático caso dos 33 trabalhadores da mina San José, no Deserto do Atacama, no Chile em 2010. Ficaram soterrados 69 dias a quase 700 metros do solo causando uma comoção mundial. Aliás, assim tem sido as tragédias com ampla cobertura midiática. Por serem transmitidas quase ao vivo, comovem por todo canto do mundo pela aparente proximidade. O correspondente estrangeiro da Rede Globo, Rodrigo Carvalho, cobriu o resgate dos mineiro do Chile em outubro de 2010. Em 2011 retornou ao país para conferir o "the day after." E produziu um excelente relato de suas impressões no livro Vivos Embaixo da Terra, Editora Globo, 2011. Em pouco mais de cem páginas sintetiza a tragédia, a solidariedade do povo chileno e todo o projeto de resgate. Mas o diferencial do livro vem do fato de localizar cada um dos mineiros após a tragédia. E apresentam números assustadores. O resgate foi acompanhado pela TV por mais de 1 bilhão de pessoas. O final da Copa da África por exemplo, não passou de 800 milhões. No Twitter, 105 milhões de internautas falaram sobre o resgate. O mesmo fenômeno se deu no Facebook e Orkut, 1.200 comentários por minuto! Saídos do "buraco", os mineiros foram agraciados com as mais diversas formas de agrado. Cheques de 10 mil dólares dados por um anônimo magnata chileno. Convites para ver jogos de importantes clubes do futebol europeu e até IPods enviados pelo então dono da Apple Steve Jobs. Passagens para viagens aos mais variados pontos turísticos do planeta como as ilhas do Mediterrâneo, Disney, Israel etc... Mas aí, veio o esquecimento! Transcrevo a seguir nas palavras do autor do livro Rodrigo Carvalho o que chamo de imbecilidade social destes tempos: "Como era de se esperar, viraram celebridades. Como era de se esperar, o bom momento durou pouco. Dois meses depois do resgate, pipocou a manchete. "Mineiro boliviano que ficou preso no Chile está pobre e esquecido. (...) 14 dos 33 mineiros pediram aposentadoria antecipada ao governo. Alegaram conseqüências físicas e principalmente psicológicas. Boa parte deles sofreu - e ainda sobre - de estresse pós traumático." Há outras implicações sobre a vida dos ex "pop stars" da mídia, mas aí vale a leitura do livro todo. Implicações até de ordem política. A tragédia dos mineiros rendem até uma grande mobilização no tabuleiro político chileno para as próximas eleições presidenciais. Tornar-se mídia na multimídia parece um fórmula pra lá de antiquada, mas ainda rende bons desdobramentos.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

MELANCOLIA é um ‘disaster movie’ psicológico

A melhor definição para este perturbador filme foi extraída da sinopse para o lançamento em DVD da obra de Lars von Trier no portal da locadora 100%Vídeo. Às vésperas do "fim do mundo", um casamento é desfeito ainda durante a festa com  presença dos convidados. A noiva trai. Ofende seu chefe, demite-se e faz o ex-futuro marido ir embora da festa, do casamento, do futuro a dois. O pai da noiva, interpretado pelo ótimo John Hurt é um fanfarrão e pouco lá se importa com as dúvidas da filha, por acaso a noiva. A mãe, bem... É o máximo em ódio e desprezo pela família. Foi convidada, para se ter ideia, a contra gosto de muitos. Clarie, a irmã da noiva, aparenta o "porto seguro, mas é apenas aparência! E vem a depressão, a solidão, o arrependimento e não por acaso, um planeta está prestes a se chocar com a Terra. Um planeta muito mais para um estado mental e emocional do que de fato um desastre cataclísmico. O filme é um primor. Abre com cenas em ultra slow motion ao som de Tristão e Isolda de Wagner. As cenas iniciais nos remetem às  pinturas pré-rafaelitas e alemãs expressionistas. No final não nos resta dúvidas. Melancolia se aproxima a tal ponto que... Pertubador! 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Futebobos Reloaded

O querido leitor poderá conferir em meu blog anterior, Donideias09, a seqüência de 15 mensagens onde desanco toda minha bronca com o senso comum que faz a "alegria das massas." Refiro-me ao gosto popular pelo futebol. A ponto de se parar um país, suspender serviços essenciais e horas de trabalho para acompanhar os jogos da seleção. São infindáveis os argumentos. Muitos leitores comentaram a série Futebobos, e claro, enraivecidos com tamanha ousadia no assumir tal posição, argumentaram entre outros pontos que; "trata-se de um esporte genuinamente nacional", "sempre foi assim e sempre será..." Nestas horas é bom recorrer às nossas leituras. Ler talvez seja o ato que mais nos proporciona liberdade de pensamento. Podemos fugir dos sensos comuns reinantes e indagarmos opiniões prontas. Já fui moleque. Chorei em frente à TV quando a seleção perdia ou voltava para casa em Copas do Mundo. Mas tamanha alienação vinha da falta de orientação e senso crítico. Pudera ter um professor crítico, um amigo mais do "contra" e quem sabe não "perderia" meu tempo com coisas mais gostosas na adolescência. Meninas por exemplo... Bem, mas voltemos ao atual. O Guia Políticamente Incorreto da História do Brasil do jornalista Leandro Narloch, Leya Editora, é um recordista de vendas de livros na atualidade. Está a mais de 50 semanas entre os  dez mais vendidos. Deve ter batido os 150.000 exemplares vendidos. Foi lá que encontrei algumas informações muito boas para mostrar que a caracterização do futebol como marca da identidade brasileira é pura balela. Talvez, sei lá, coisa da TV na medida em que neste esporte encontrou infinitos horizontes de lucros. O autor do Guia, Leandro Narloch situa bem a chegada do futebol no Brasil. Por ocasião da Guerra contra o Paraguai (1864 - 1870), muitos operários ingleses chegaram no cone sul americano para implantar indústrias e ferrovias. Trouxeram junto o esporte bretão. Mas intelectuais surgidos no país décadas mais tarde, como Graciliano Ramos em 1920, chamava o futebol de "onda passageira" por "jamais combinar com o jeito bronco do brasileiro." Escreveu em uma coluna de jornal que "Não é que me repugna a introdução de coisas (futebol) exóticas entre nós (...) não seria porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mesclas e estrangeirismos (...)." Nos anos vinte do século passado portanto, o futebol era atividade puramente estrangeira e elitista. Só na década de 50 com a Copa, perdida pela seleção brasileira é que se popularizou o esporte! O cômico é que o mesmo Graciliano Ramos propunha coisas tão estranhas quanto o que considerava o futebol. em outra coluna de um jornal gaúcho, o autor propôs;

"Reabilitem os esportes regionais, o cachação, a queda de braço, a corrida a pé, tão útil a um cidadão que se dedica ao arriscado ofício de furtar galinhas, a pega de bois, o salto, a cavalhada e, melhor que tudo, o cambapé, a rasteira. A rasteira! Este sim, é o esporte nacional por excelência!"

Na profusão de construção da identidade nacional, o esporte configura sem dúvida nenhuma um capítulo essencial para entender certos comportamentos sociais. Violência, alienação de massa e culto excessivo a ídolos do esporte são explicados pela construção histórica. Há excelentes artigos de Nelson Rodrigues que propõem esse debate. Ou por onde entenderíamos o "espírito de vira lata" que o próprio Nelson Rodrigues encontrou em toda Copa do Mundo?

Fontes:  Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, Leandro Narloch, Leya.
                  A Pátria em Chuteiras, Novas Crônicas de Futebol, Nelson Rodrigues, Companhia das Letras. 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Navegador rápido

Estamos acostumados a navegar pela internet usando o navegador Explorer há anos! Propostas alternativas foram surgindo, como o Firefox, mas o "casamento" forçado feito em nossos computadores que já vem de fábrica com o sistema operacional Windows imposto pela Microsoft, nos acomodou. O Google desenvolve desde 2009, um navegador gratuito que pudesse desbancar o Explorer da liderança. Recentes pesquisas apontam a virada de jogo do Chrome. Mais rápido e menos propenso a falhas o navegador do Google já detém quase 30% das máquinas conectadas pelo mundo na internet. Há quinze dias venho testando essa novidade e confirmei tamanha eficiência! O Chrome abre sites até duas vezes mais rápido que o Explorer. Para isso, o browser processa em separado cada janela (site) aberta. Se você acessa um endereço que poderia "travar" a navegação o Chrome o faz em separado, evitando assim a demora. Há muitas outras vantagens que o leitor poderá conferir fazendo gratuitamente o download do novo navegador. Vale a pena e é grátis!
Fonte: StarCounter

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O teu passado "te condena?"

Caricatura feita por ex aluna.


Leitores dos meus blogs devem pensar. "Esse cara é professor de História da rede estadual. Como devem ser as aulas deste sujeito?" Durante 2011, um excelente aluno de Ensino Médio, Luís Felipe Fregollon ao propor-se trabalhar como aluno monitor criou um blog para postar duas vezes por semana o que havia "rolado" nas aulas. Convido o caro leitor  clicar o link abaixo e tirar as próprias conclusões sobre as questões apresentadas no início deste "post."




“All that I need are the boots!”**

Há tempos que as animações produzidas para o cinema recriaram o conceito dos cinéfilos para o que se entende como "desenho animado." Aliando roteiros consistentes tanto para crianças quanto para adultos e uma tecnologia de ponta, produz-se longas metragens que lotam cinemas! Há uma lista interminável de nomes que podemos atribuir a responsabilidade por este novo momento. Steve Jobs, por exemplo. E até nomes nacionais como Carlos Saldanha, criador de personagens impagáveis como os da Era do Gelo e Rio. Há dois grandes estúdios hoje que disputam acirradamente a liderança do setor. DreamWorks e a Pixar. E poderíamos organizar uma lista de excelentes desenhos produzidos por ambos. Fuga das Galinhas, Toy Story, Madagascar,  Os Incríveis, Kung Fu Panda, Wall-E entre outros. Pais de filhos ainda crianças não escapam nos meses de janeiro e julho de idas quase semanais ao cinema. E lá fui eu ontem, quarta 4, ver O Gato de Botas. Os segredos e receitas, agora desta vez vindos dos estúdios da DreamWorks não falharam. O filme é excelente! Puríssimo entretenimento para crianças e adultos. O Gato de Botas surgiu originalmente no segundo filme da série Shrek. As aventuras do Ogro chegaram já sem fôlego ao quarto filme, mas personagens coadjuvantes, em tese, como o Gato de Botas continuaram em alta. O interessante das aventuras do felino são as inúmeras referências vindas de outros filmes. Se as crianças gargalham pelas tiradas (gags) dos personagens, os adultos podem, por exemplo procurar por tais referências. Amante do cinema, foi o que fiz intercalando também muitas gargalhadas. As lutas de espada que o felino se envolve são referências diretas a clássicos do gênero como Scaramouche (1952). Os cenários de San Ricardo, cidadezinha que lembra muito os vilarejos mexicanos, podem ser vistos em El Mariachi (1992), estrelado pelo mesmo Antonio Banderas que dubla o Gato. Aventuras, música, dança e muita diversão estão garantidas! Ah! E a continuação também. Aguardem!
** Tudo o que eu preciso são as botas!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Turma do "fundão"

O texto abaixo foi originalmente publicado em meu blog editado entre 2009 e 2010. O portal IG que detém o espaço do mesmo mantém o blog indisponível para visualização. Sendo assim pretendo reeditar alguns posts que considero relevantes a esta nova proposta. O que o prezado leitor passará a ler foi ao "ar" pela primeira vez no início de junho de 2009. Boa leitura e se desejar, comente-o!

Matéria retirada da Revista da Semana, edição 87 de 14 de maio, página 28, coluna Comportamento.

Alunos não gostam da escola
A neurociência tenta explicar por que isso acontece.

            “Nunca se soube tanto a respeito do funcionamento do cérebro. Diversos estudos explicam os mecanismos da memória, as diferenças de aprendizado entre meninos e meninas e como o conhecimento se consolida no inconsciente. O desafio é aplicar a neurociência na prática. Algumas pistas são dadas no livro Why Don’t Students Like School? (Por que Estudantes Não Gostam da Escola?), do psicólogo Daniel Willinghan, recém-lançado nos Estados Unidos.
            “Há respostas para indagação proposta pelo título do livro”, afirma o também psicólogo Christopher Chabris no Wall Street Journal. “As escolas requerem que os alunos pensem de modo abstrato, algo que o cérebro não está programado para fazer bem ou apreciar”, explica Chabris. “Um jovem consegue se concentrar numa partida de xadrez em um parque com barulho em volta, porque tem um objetivo, mas dificilmente manterá a concentração no dever de casa.”
            Nem por isso, diz o autor do livro, se deve tentar tornar toda aula divertida ou criativa. Essa afirmação leva a outra pergunta: as atividades regulares em classe funcionam? Sim, afirma Willingham. Pesquisas mostram que a prática – com apoio da repetição – consolida o conhecimento e o torna automático e capaz de ser transferido para novas situações. E qual seria o segredo para fazer com que os alunos pensem como cientistas, matemáticos e historiadores? Esse objetivo é ambicioso demais. Estudantes estão preparados para compreender o conhecimento não para criá-lo, diz.
            Willingham não concorda com a teoria que defende modos diferentes de ensino para cada tipo de aluno. Ele cita um estudo em que estudantes que teoricamente aprendem melhor visualmente e outros que preferem ouvir são submetidos a lições escritas, em um caso, e a aulas faladas, em outro. Em tese cada um deveria assimilar melhor a forma de comunicação de sua predileção. Não é o que acontece. “A maior parte das disciplinas está voltada para o aprendizado do significado, e significado independe da forma”, diz. Há outras questões para serem respondidas – por exemplo, como tornar a internet uma ferramenta de conhecimento, e não um atalho para o resultado diz El País. O aprendizado está mudando, é certo – só não se sabe para onde vai.”