Zeca Baleiro já citado neste blog, um compositor ímpar da nossa "pobre" MPB contemporânea, compôs e canta Minha Casa, música do seu terceiro álbum, Líricas. Veja que belo!
É mais fácil cultuar os mortos que os vivos,
mais fácil viver de sombras do que sóis,
é mais fácil mimeografar o passado
do que imprimir o futuro,
não quero ser triste
como o poete que envelhece
lendo Maiakóvski na loja de conveniência
Assim meu consciente processou uma alternativa trilha sonora durante e ao final do Tão Forte, Tão Perto, de Stephen Daldry, em cartaz nos cinemas desde a última sexta 24 de fevereiro. Além de Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco, o filme revela Thomas Horn, no papel principal de um órfão de pai após os trágicos acontecimentos de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Os estadunidenses sempre tão aptos a resgatar fatos históricos em versões tão impactantes no cinema, parecem silenciados com relação a onda terrorista que assolou o país em 2001. Poucos filmes retomam os fatos deste dias. O filme Tão Forte, é uma adaptação a partir do livro Extremamente Alto & Incrivelmente Perto de Jonathan Safran Foer. Um garoto típico novaiorquino é dispensado das aulas numa terça feira, onde fatos horríveis assolam sua cidade. Custa para Oskar entender que seu cultuado pai é uma das vítimas que provavelmente saltou do 106° andar de uma das Torres Gêmeas em chamas. A tragédia se segue nos anos posteriores com as dores típicas da ausência, das culpas pelo não vivido e uma misteriosa chave que deve conter um dos segredos paternos cravados na própria cidade. Um filme triste e intimista. O garoto parece vítima de inúmeros transtornos mentais e emocionais. Acelerado, incontido e triste, "rasga" a cidade e os sobreviventes em busca da solução do mistério da chave. No fim, percebemos que o 11 de setembro é um pano de fundo. Não são necessárias grandes explicações e muitas imagens. Este triste dia parece gravado em nosso inconsciente e as tais feridas vão além da tela do cinema.