2012, segundo a "lenda" Maia marca o fim do mundo! Janeiro já foi. Dentre os fatos que fazem parte das retrospectivas televisivas que, provavelmente vão ao ar antes de 21 de dezembro podemos destacar: Chuvas e mais chuvas; Enchentes, desbarrancamentos, desabrigados e desvios de verbas para as reconstruções anunciadas; Mortos e mais mortos no trânsito; A tragédia no Rio. Nosso "Word Trade Center!"; A Luísa que finalmente voltou do Canadá e por aí vai! Destaque para nossa querida roqueira Rita Lee que resolveu enfrentar a polícia em Sergipe! Que delícia! Seu discurso provou que há sim vida inteligente no mundo artístico e que se manifesta! Mas o naufrágio do Costa Concórdia na Itália foi o hit de janeiro. Entra para a galeria das "grande cacas" da humanidade e com louvores mil! Sei que o assunto está superado, mas fui resgatar do site da CBN esse belo editorial sobre o assunto transmitido no dia 20, novamente por Arnaldo Jabor. Ele prova que atrás da apavorante tragédia, aspectos contemporâneos da humanidade submergem mediante um passado tão dolorido e marcante que emerge das águas onde afundaram o Titanic em 1912.
“Amigos ouvintes, qual é a relação entre o terrível naufrágio do Titanic em 1912 e o afundamento do Costa Concórdia outro dia na Itália? O Titanic foi construído para ser o maior navio de todos os tempos, levava mais de 2.500 passageiros a bordo e bateu num iceberg que navegava na noite sem lua pelo oceano. Morreram mais de 1.500 pessoas nas águas geladas do mar. Podemos dizer que o Titanic nafragou por arrogância. Pelo desejo de se construir um nave além do tempo que corria ainda com vapor sem radar com precários instrumentos de rádio. A morte do Titanic foi por um pecado, vamos dizer de vaidade e voracidade. O grande susto da humanidade foi ver que os planos humanos são detidos pelo acaso, pelo imprevisível que humilhou a certeza industrial e comercial da época. Já o naufrágio do Costa Concórdia foi resultado de uma grande irresponsabilidade humana. O comandante do navio Schettino, que fugiu do navio, tinha resolvido homenagear um amigo garçom que morava ali perto da costa e desviou o curso. Aliás ele estava jantando com uma tremenda louraça 40 minutos antes da manobra suicida. Além disso vamos combinar que, aquilo não era um navio de transporte, era uma grande banheira cheia de deslumbrados de classe média que vão passear num grande edifício flutuante de 13 andares cheios de todas as diversões do consumo e todas as idéias de prazer que vemos hoje em dia. É um delírio de consumo. Eu, aliás, jamais entraria naquilo porque sem mesmo afundar deve ser um inferno careta. Mas tudo bem, tem gente que gosta! Enquanto o Titanic foi um ensinamento contra a soberba e presunção, esse foi uma lição contra a babaquice e a ligeireza dos costumes de hoje. Outra coisa que marcou a semana foi o intenso diálogo entre o capitão fujão e o comandante da Capitania dos Portos que deu-lhe um esporro extraordinário que foi na base do “Vade a bordo, cazzo!” A Itália toda está vibrando com esse diálogo. Parece um Berlusconi sendo esculachado por um italiano macho e sério. Vem a calhar nesse momento de humilhação da Itália, com a crise econômica barra pesada. Está servindo também para ceder o orgulho dos italianos em seu drama atual e reagir. Aliás nesse diálogo parecia que o comandante da capitania falava do passado e o capitão fujão respondia no presente. O capitão nem entendia direito as ordens heróicas do comandante, ele dizia que o capitão não pode abandonar o navio e o cara respondia como um desses desossados de hoje em dia. O comandante em terra berrava em lições mínimas de um profissional e quem respondia era um idiota dirigindo um parque de diversões pelo mar, nesses tempos de diversão compulsiva e consumismo delirante. Foi um show de seriedade tão esquecida num mundo atual. Aliás estamos precisando de vozes que defendam uma dignidade perdida tanto lá como aqui.”
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