Memórias de infância e adolescência realmente são mais fixas do que as lembranças dos fatos de pouco tempo atrás. Não tem jeito. Toda vez que passo a pé próximo do prédio da escola Carlos Gomes, elas voltam com insistente intensidade. Hoje, me parece menor. De fora, parece ter encolhido no paradoxo do passar do tempo e da auto percepção que se envelhece rápido. Mas aqueles dias dos anos 70, quando estava eu na condição de aluno no Primeiro Grau, nunca saíram da lembrança. E volta e meia vem os sonhos. Eu transitando pelos intermináveis corredores, ligando o auditório com o velho piano que diziam ter pertencido ao próprio músico que denominara a escola. Na entrada ao centro, pintado em escala gigantesca o quadro de Pedro Américo, "O Grito" separava as portas de acesso do auditório e dos consultórios dos dentistas. Na época, vejam só, tínhamos nossas arcadas mensalmente verificadas. Era como uma prova de uma disciplina qualquer. Uma vez reprovado, além da bronca da dentista, íamos nós tratarmos das cáries angariadas na degustação dos doces e balas adquiridas na cantina do então "tio" Célio. Um sujeito chato, rabugento, que volta e meia nos dava bronca por furarmos as filas, mas fazia um misto quente que sentíamos o cheiro da quadra. Custava uma "nota!" Uma vez por semana e olha lá! Às vezes nem isso! Nos anos 70, Campinas, obviamente era bem mais calma. Podia-se sair da escola e ir a pé para casa. E não tinha lá grandes problemas ficar na rua até mais tarde. Ou de levar pra casa, a Heloísa, a gatinha da 5ª série que todo mundo queria namorar. Seus pais eram zeladores de um edifício na Moraes Salles. Me lembro de insistir em acompanhá-la até em casa. Mas ela nunca me permitiu uma "bitoca" que fosse! Fui mais feliz com a Juliana. A menina cheia de sardas que me derreti de paixão na 4ª série. A turma a achava feinha, mas nos apaixonamos. Tínhamos até uma música. Dos "sons" de fim de ano, quando rolava na vitrola a trilha sonora da novela Espelho Mágico da Rede Globo. Puxa Juliana, como foi gostoso dançar com você, Daybreack do Randy Bishop. Eu menti pra você naquele dia, quando respondi que era uma caneta no meu bolso. E foram naqueles corredores da escola Carlos Gomes que encontrávamos um espaço para "namorar"! Hei espere, um pouco. Namorar nesta época não passava de um simples papinho e quando no máximo pegar na mão. Quando muito sentar pertinho no laboratório de Ciência onde o prof° Renato, um estrangeiro que até hoje não consigo saber de onde, com um sotaque estranho, um avental branco de cientista e um cabelo pra lá de ensebado, insistia em lições quase incompreensíveis. Os pátios, os corredores, as portas, portões, saídas e entradas ficaram gravadas na mente. Tempos diferentes! Bons ou ruins tiveram suas particularidades, uma delas foi me mostrar o quanto a escola é importante na vida da gente. Principalmente nessa fase até os 14 anos. O que vem depois? Ah, porque depois? Porque não lembrar de mais momentos desses idílicos momentos? Era chegar em casa, "on" na tv. "Viagem ao Fundo do Mar", "Perdidos no Espaço", "Os Três Patetas", "Daniel Boone", "Vila Sésamo" e por aí ia a programação até lembrar que tinha lição de casa. Me lembro bem das duas decepções dadas aos meus pais com a reprovação na 4ª e 7ª série. Era um aluno medíocre! Gostava da escola, das meninas, de jogar bola nos intervalos, de trocar figurinhas...
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