O texto abaixo compôs um post do antigo blog donideias2009. Gerou muita polêmica entre meus colegas de trabalho e de curso de Pedagogia. Ainda gerou muitos debates acalorados no ambiente de aprendizagem da UMESP. Creio valer a pena reproduzi-lo nesta nova proposta, até porque de todos as discussões, pouco se concluiu, pois trata-se de tema complexo. Data original da primeira publicação; 20 de março de 2010.
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Me perguntaram dias atrás,
porque eu sendo um educador não escrevo mais no blog sobre Educação. “Você só fala de filmes e
carros de corrida e de vez em quando, mal do Lula!” Pensei bem e a querida leitora que enviou-me
um e mail irado comentando minha “alienação” momentânea que ignora
temas essenciais, tinha de fato muita razão. E eis que volto ao tema Educação, fazendo-o com saudosismo e pisando
em campo minado. Estudando o tema alfabetização para a apresentação
de artigo científico para a UMESPem maio, foi inevitável
passar pelo embate dos métodos utilizados no país para ensinar as
últimas gerações a ler e escrever. Por várias décadas antes do
surgimento e expansão do construtivismo, uma mistura do método fônico (sintético)
com o global (analítico) foi base na formação de milhões de brasileiros. Esses
métodos estavam expressos em cartilhas ricamente ilustradas que tinham entre
seus vários objetivos, o da repetição incansável de sons, letras, sílabas e
palavras. Um ícone desta época foram as cartilhas Caminho Suave. A educadora Branca Alves de Lima, criou a cartilha em 1948 junto com um método
próprio que ela denominou “alfabetização pela imagem.” Acredita-se que a obra
de Branca
Alves tenha vendido algo
próximo de 40 milhões de exemplares. Foram mais de 50 anos de história e
que provavelmente se mesclaram com a minha e a sua. Aprendi com ela. Não me
esqueço do “a” de abelha, “o” de ovo … Em 1995 a Caminho Suave foi retirada do catálogoMEC. Mesmo assim, fala-se que por ano sejam vendidas ainda, 10 mil
exemplares! Saudosistas ironizando os modernismos pedagógicos dizem que; “para resolver os problemas de alfabetização do construtivismo, as
professoras compram escondido uma cartilha para usá-la no reforço escolar…” Segundo a Wikipedia; “Especialistas em pedagogia afirmam que “Caminho Suave” e“Sodré” são
os únicos métodos realmente brasileiros de alfabetização em português. O método
da cartilha Caminho Suave começa pelas vogais, forma encontros vocálicos e
depois parte para a silabação. O sucesso editorial seria devido ao fato de unir
o processo analítico ao sintético, facilitando o aprendizado.” Após duas décadas
de profundas reformas educacionais, onde inclusive aposentaram-se as cartilhas,
grandes questionamentos surgem. Acredito no construtivismo como fundamento na
ação alfabetizadora. Questiono a eliminação sumária de outros métodos,
inclusive a aposentaria das cartilhas como a Caminho
Suave. Os pífios índices educacionais e as legiões de crianças e adolescentes
que mal sabem escrever o próprio nome são indicativos que apontam para a
necessidade de rever a insistência do MEC em impor o
construtivismo como ação única na alfabetização. O debate pode cair numa luta
inútil e sectária entre novas e velhas gerações de educadores. Fica então o que
é mais “suave” às velhas gerações. A infinita saudade dos tempos do “b” de
barriga, do “f” de faca, do “j” de jarro…
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